quarta-feira, julho 27, 2011



Turismo, a torto e a direito

Durante alguns anos, a propaganda oficial fez com que muito boa gente acreditasse que os Açores eram atrasados porque possuíam muita gente no sector primário e que o progresso açoriano só seria possível se a região abandonasse os campos e as pescas e passasse a ser uma prestadora de serviços.
O peixe viria da Austrália, os melões de Almeirim, as uvas da África do Sul, os pepinos de Espanha e o leite viria das “nossas” vacas que também eram antiquadas pois ainda comiam erva (hoje não se sabe bem qual o seu alimento), daí foi um tal abandonar a agricultura que não é o mesmo que pecuária, embora alguns governantes, que como sabemos não são deficientes, continuem a confundir uma coisa com a outra.
A saída do atoleiro onde anda(va) a economia regional foi encontrada na aposta num novo “ciclo”, o do turismo interno e externo. Se o primeiro tem tido algum sucesso, através das viagens (subsidiadas) de barco entre as ilhas, o segundo parece que, pelo menos nos últimos tempos, nem por isso.
É precisamente o turismo ou, melhor, a palavra turismo que é a arma de arremesso que serve para tudo justificar, até o impossível, como exemplificarei a seguir.
Se uma associação ambientalista ou que se diz como tal solicitava apoio para algum projecto, para além de ter de mencionar a importância didáctica, científica ou conservacionista do mesmo, aproveitava a ocasião para enxertar o interesse turístico pois esta referência era meio caminho para que as diversas entidades mais facilmente abrissem os cordões à bolsa.
Se uma entidade queria asfaltar uma travessa, cimentar um beco ou arranjar uma canada, para conseguir apoio bastava tentar ludibriar a tutela, apresentando um projecto de trilho pedestre, claro, de elevado interesse turístico.
Se um cidadão tinha a intenção de recuperar uma casa e não queria fazer as obras à sua custa, apresentava um projecto de turismo de habitação, em virtude do tão elevado interesse turístico do empreendimento.
Se um grupo pretendia incrementar a tortura animal, introduzindo a sorte de varas e os touros de morte, depois de conseguir a primeira, e no século XXI não há argumento decente para tal, a solução é (será?) alegar que aquelas “artes” atrairão milhares de aficionados de todo o mundo e outros tantos de outros planetas. Volta a estar, portanto, presente o incansável argumento turístico.
Se uma autarquia quer apoiar uma festa de Verão recém-nascida ou outra cuja tradição já é secular, felizmente não tem uma só solução. Para além do estafado interesse turístico e do quase garantido apoio da tutela, caso as cores partidárias sejam as mesmas, tem, também, à sua disposição o PRORURAL.
Para quem tiver a paciência de ler, embora não recomende pois de uma farsa se trata já que compara a incineração com um aterro (que não é alternativa a nada), o estudo de impacte ambiental do Ecoparque da Ilha de São Miguel, vulgo incineradora, terá a oportunidade de ficar a saber que, para além dos impactos positivos na saúde e no ambiente, o mesmo terá impactos positivos no turismo. Há alguns anos, no reinado do PSD, os pontos turísticos de São Miguel eram as Furnas, as Sete Cidades, a Lagoa do Fogo e a Escola Secundária das Laranjeiras, agora o reino socialista, depois de substituir a Escola das Laranjeiras pela Secundária da Lagoa, pretende acrescentar a Incineradora das Murtas.
Podia continuar a apresentar mais exemplos, mas, para não maçar o leitor e por economia de tempo e espaço, fico por aqui, deixando a seguinte questão:
É turismo para aqui e para ali, são turistas, turistas e mais turistas. E nós, açorianos - incluo todos os que aqui decidiram viver em harmonia com os que cá nasceram e não às costas destes - não contamos para nada?

27 de Julho de 2011

Teófilo Braga

Fonte: Correio dos Açores

segunda-feira, julho 25, 2011


Algar do Pico Queimado, 25 de Julho de 2011

segunda-feira, julho 18, 2011



AÇORES LIVRES DE TRANSGÉNICOS


Depois da petição em curso, vamos continuar a sensibilizar as autoridades para a necessidade de Declarar os Açores como Zona Livre de Transgénicos. Se concordar com a iniciativa poderá enviar o texto abaixo com ou sem alterações ou outro texto original para os seguintes endereços:


Presidentes: presidente@alra.pt, presidencia@azores.gov.pt
Deputados: apascoal@alra.pt, alsilva@alra.pt, aparreira@alra.pt, bchaves@alra.pt, boliveira@alra.pt, bmessias@alra.pt, cmendonca2@alra.pt, cfurtado@alra.pt, cpavao@alra.pt, dcunha@alra.pt, dmoreira@alra.pt, fcesar@alra.pt, fcoelho@alra.pt, gnunes@alra.pt, hjorge@alra.pt, irodrigues@alra.pt, jmgavila@alra.pt, jlima@alra.pt, jrego@alra.pt, jsan-bento@alra.pt, lmachado@alra.pt, lrodrigues@alra.pt, hrosa@alra.pt, namaral@alra.pt, pbettencourt@alra.pt, plalanda@alra.pt, rcabral@alra.pt, rveiros@alra.pt, vbettencourt@alra.pt, asantos@alra.pt, amarinho@alra.pt, apcosta@alra.pt, aventura@alra.pt, cbretao@alra.pt, calmeida@alra.pt, clopes@alra.pt, cmeneses@alra.pt, dfreitas@alra.pt, falvares@alra.pt, jbcosta@alra.pt, cpereira@alra.pt, jmacedo@alra.pt, jfernandes@alra.pt, lgarcia@alra.pt, mmarques@alra.pt, pgomes@alra.pt, rramos@alra.pt, alima@alra.pt, prosa@alra.pt, lsilveira@alra.pt, prmedina@alra.pt, amoreira@alra.pt, jcascalho@alra.pt, zsoares@alra.pt, apires@alra.pt, pestevao@alra.pt
Bcc: , , , , , , , , , , , "Baluarte" , "Correio Insular" , "Diário dos Açores" , "Faial on Line" , "Jornal Diário" , "Portuguese Times" , "Terra Nostra" , amigosdosaçores@amigosdosacores.pt, gequesta@gmail.com, terralivreacores@gmail.com



Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA)

Exmo. Senhor Presidente do Governo Regional dos Açores

Exmos. Senhores Deputados

Como é do conhecimento público, 60% dos europeus sentem que precisam de mais informações antes que seja autorizada a plantação de Organismos Geneticamente Modificados (OGM), que actualmente é feita pois os decisores têm dado mais importância ao lobby dos produtores do que ao interesse público.
Considerando que não são suficientemente conhecidos os efeitos dos OGM na saúde e no ambiente, e até que a ciência garanta que os mesmos não têm efeitos negativos, venho solicitar que a Assembleia Legislativa Regional dos Açores declare, imediatamente, a Região Autónoma dos Açores como Zona Livre de cultivo de OGM;
(Nome)
E se achar por bem
(Nº de identificação)
(Local)

quarta-feira, julho 13, 2011



Números há muitos

1- Pico da Pedra ou Entroncamento?

Não vivo no Entroncamento por isso não tenho a oportunidade de assistir a alguns “fenómenos “ da natureza, como ver batatas a “pesar” 10 kg ou ver couves a crescerem até 3 metros de altura. Como vivo no Pico da Pedra e como a terra não é tão rica, limito-me a apreciar a imaginação fértil de alguns humanos responsáveis pelos destinos da vida pública.
Antes de entrar propriamente na área destinada à matemática, vou falar aqui numa curiosidade que talvez não exista noutras paragens. Sabiam que o Pico da Pedra, não tendo em conta o Muro de Berlim e um outro que está a ser construído em Israel, será o único sítio do mundo que tem uma rua, a Capitão Manuel Cordeiro, que está dividida em duas partes separadas pelo aquilo que resta de um antigo pomar e por um muro?
Mas, se por acaso tal facto não for muito original, o que vou relatar a seguir, tenho a certeza que, por ser inovador, deverá servir de exemplo a outras autarquias que tenham dificuldade com a atribuição de números de polícia.
Não é que um morador de um dos troços da referida rua pediu à Câmara Municipal da Ribeira Grande que lhe fosse atribuído o número de polícia à sua casa e depois de receber o ofício da referida autarquia dirigiu-se, todo contente, ao posto de correios a comunicar que a partir da daquela data já não teria mais problemas com a sua correspondência. Neste, algumas pessoas que assistiram à conversa alertaram para o facto de o problema não ficar resolvido, pois na Rua Capitão Manuel Cordeiro existiam números de polícia iguais.
Por economia de tempo e de espaço, não vou relatar todas as diligências feitas junto da Câmara Municipal da Ribeira Grande para resolver o imbróglio, vou limitar-me a fazer o ponto de situação actual. A Rua Capitão Manuel Cordeiro, artéria que liga a Rua Dr. Dinis Moreira da Mota à Rua da Saudade (Canada Grande) dever ser a única rua do Mundo em que dos dois lados, esquerdo e direito, tem números ímpares e repetidos. Sabendo-se que o senhor Presidente da Câmara é de História, será que tem horror aos números e uma fobia especial pelos pares?

2- Impérios

Como o tema é números, farei em seguida uma breve referência aos Impérios do Espírito Santo que contra ventos e marés continuam a proliferar por tudo quanto é freguesia, localidade, rua, beco ou travessa na ilha de São Miguel.

Embora não tenha dados quantitativos, através de uma volta pela ilha de São Miguel será fácil constatar que a festa não está em regressão, antes pelo contrário. Se alguns impérios por vezes passam por algumas dificuldades, outros há que surgem onde antes não eram tradição.

Associado ao crescimento do número dos impérios está a participação das pessoas nas várias actividades a eles associados, o que contraria a tendência geral para a não participação na vida social e política que está associada à descrença na política, nos políticos e nas instituições políticas.

Mas, ou porque os efeitos da crise ainda não se fazem sentir ou apesar deles, o que me surpreende são os montantes envolvidos na organização das festas, as quais, na generalidade, não contam com quaisquer apoios públicos.

Ao que conseguimos apurar numa pequena freguesia da ilha de São Miguel, depois de vários dias de festas, dois dos quais com a actuação de artistas vindos de Portugal continental, o saldo obtido ainda ultrapassou os vinte mil euros.

Não me preocupam muito as alterações que têm sido introduzidas nos últimos anos em alguns impérios, desde que as mesmas não venham substituir uma das causas que levaram ao seu surgimento: a partilha de bens (alimentos) com os mais necessitados. O que é inquietante, embora ainda residual em São Miguel, é o desvio, de verbas para a promoção de “negócios” que em nada dignificam o ser humano e não contribuem para a educação das pessoas, como são as touradas, vacadas ou bezerradas.

Teófilo Braga
Correio dos Açores, 13 de Julho de 2011