segunda-feira, março 31, 2008

Sou um democrata, sou um cabrão.

Segunda-feira, 24 de Março de 2008


Declaração de princípios de um intelectual espanhol

Não condeno o rei Fahad, agraciado pelo rei de Espanha, que corta cabeças, poda mãos e arranca olhos, que humilha mulheres e amordaça os opositores, que se assenhora sem jornais, sem parlamento nem partidos políticos, que viola filipinas e tortura indianos e egípcios, que gasta a terça parte do orçamento da Arábia Saudita com os 15 000 membros da sua família e financia os movimentos mais reaccionários e violentos do planeta.


Não condeno o general Dustum, aliado dos EUA no Afeganistão, que afogou num contentor mil prisioneiros talibãs aos quais tinha prometido a liberdade e que morreram chupando as paredes de ferro da sua prisão.

Não condeno a Turquia, membro da NATO e candidato à UE, que na década de noventa varreu da face da terra 3 200 aldeias curdas, deixou morrer à fome 87 presos políticos e aprisiona quem se atrever a transcrever para curdo o nome das suas cidades.

Não condeno o sinistro Kissinger, o mais ambicioso assassino depois de Hitler, responsável por milhões de mortes na Indochina, em Timor, no Chile e em todos aqueles países cujo nome saiu alguma vez dos seus lábios.

Não condeno Sharon, homem de paz, que dinamita casas, deporta civis, arranca oliveiras, rouba água, dá tiros a crianças, pulveriza mulheres, tortura reféns, queima arquivos, faz voar ambulâncias, arrasa campos de refugiados e que galanteia com a ideia de “amputar o cancro” de três milhões de palestinianos para reforçar a pureza do seu estado “judeu”.

Não condeno o rei Gienendra do Nepal, formado nos EUA, que desde o passado mês de Janeiro executou sem julgamento, 1 500 comunistas.

Não condeno a Jordânia nem o Egipto, que espancam e prendem os que se manifestam contra a ocupação israelita da Palestina.

Não condeno o Patriot Act, nem o programa TIPS, nem o “desaparecimento” de detidos à guarda do FBI, nem a violação da Convenção de Genebra em Guantánamo, nem os tribunais militares nem a “licença para matar” outorgada à CIA, nem o registo policial de todos os turistas que entram nos EUA procedentes de países muçulmanos.

Não condeno o golpe de Estado na Venezuela nem o governo espanhol que o apoiou, nem os jornais que, aqui e ali, financiaram, legitimaram e aplaudiram a dissolução de todas as instituições e a perseguição armada dos partidários da Constituição.

Não condeno a empresa norte-americana Union Carbide, que a 2 de Dezembro de 1984 assassinou trinta mil pessoas na cidade indiana de Bophal.

Não condeno a empresa petrolífera norte-americana Exxon-Mobil, acusada de sequestrar, violar, torturar e assassinar dezenas de pessoas que viviam num edifício propriedade da empresa, na província de Aceh (Indonésia).

Não condeno a empresa Vivendi, que deixou sem água todos os bairros pobres de La Paz, nem a Monsanto, que deixa sem sementes os camponeses da Índia e do Canadá, nem a Enron, que depois de deixar sem luz meia dezena de países, deixou também 20 000 pessoas sem poupanças.

Não condeno as empresas espanholas (BBV, BSCH, Endesa, Telefónica, Repsol) que esvaziaram os cofres da Argentina, obrigando assim os argentinos a vender o seu cabelo a fabricantes de perucas e a disputarem uma vaca morta para poderem comer.

Não condeno a Coca-Cola, que penetrou na Europa à sombra dos tanques nazis e que despede, ameaça e assassina, hoje, sindicalistas na Guatemala e Colômbia.

Não condeno as grandes corporações farmacêuticas, que acordaram matar vinte milhões de africanos doentes com sida.

Não condeno a ALCA, que viola e despedaça as trabalhadoras das fábricas de Ciudad de Juárez e que faz nascer crianças sem cérebro na fronteira do México com os EUA.

Não condeno o FMI nem a OMC, que fomentam a fome, a peste, a guerra, a corrupção e toda a cavalaria do Apocalipse.

Não condeno a UE nem o governo dos EUA, que colocam os acordos comerciais acima das medidas para a protecção do meio ambiente e que decidiram, sem plebiscito nem eleições, a extinção de uma quarta parte dos mamíferos da Terra.

Não condeno as torturas sofridas por Unai Romano, jovem basco que, faz agora um ano, foi convertido num globo tumefacto numa esquadra espanhola, ficando a tal ponto desfigurado que os seus pais só o reconheceram porque na cara ainda tinha o mesmo sinal.

Não condeno o governo espanhol, que no passado mês de Abril estabeleceu o estado de excepção sem consultar o parlamento e suspendeu durante três dias os direitos básicos reconhecidos pela nossa Constituição (a liberdade de movimentos e de expressão), com a agravante da segregação racista, ao impedir que bascos viajassem a Barcelona, por ocasião da última cimeira da UE.

Não condeno a Lei de Estrangeiros, que expulsa a homens doentes e esfomeados, os encerra em campos de detenção ou os priva do direito universal de assistência sanitária e educação.

Não condeno o “decretaço” que precariza ainda mais o emprego, elimina os subsídios e deixa os trabalhadores à mercê da carda dos empresários.


Não condeno Deus, naturalmente, quando chove, relampeja ou toa, nem quando a terra treme, nem quando o vulcão vomita o seu fogo sobre os homens.

Sou um democrata: não me importa um caralho a morte de crianças que não são espanholas; não me importa um caralho a perseguição, silenciamento e assassinato de jornalistas e advogados que não pensam como eu; não me importa um caralho a escravidão de dois mil milhões de pessoas que nunca poderão comprar os meus livros; não me importa um caralho o corte de liberdade enquanto segure eu livremente as tesouras; não me importa um caralho até o desaparecimento de um planeta no qual já me diverti bastante. Sou um democrata: condeno a ETA, os que a apoiam e os que estão em silêncio, mesmo que sejam mudos de nascença; e exijo, portanto, que se privem dos seus direitos de cidadania, 150 000 bascos, que sejam impedidos de votar, de se manifestarem, de reunirem, que se fechem as suas tabernas, as suas editoras, os seus jornais, inclusive as suas creches; que sejam logo metidos na prisão, eles e todos os seus compinchas (desde o jovem militante anti-globalização até ao escritor ressentido) e, se tudo isto não for suficiente para proteger a democracia, que se peça a intervenção humanitária das nossas gloriosas Forças Armadas, já experimentadas na heróica reconquista da ilha Perejil. Sou um democrata: condenei a ETA. Sou um democrata: só condenei a ETA e formo parte, portanto, de todos os outros grupos armados, das mais sangrentas, das mais cruéis, das mais destrutivas organizações terroristas do planeta.


Sou um democrata. Sou um cabrão.






Texto de Santiago Alba Rico, escritor e filósofo espanhol, publicado a 9 de Setembro de 2002 por Rebelión. Tradução de Alexandre Leite para a Tlaxcala.

domingo, março 30, 2008

S. Miguel e Flores energeticamente sustentáveis.A Eda sabe disto?

Quem o diz é Paulo Ferrão, director nacional do MIT-Portugal. Esta entidade vai desenvolver estudos sobre a utilização de energias renováveis nos Açores. As ilhas são territórios muito específicos e com características próprias. O programa MIT-Portugal pretende estudar a utilização de energias renováveis nas ilhas dos Açores e da Madeira, com o objectivo de desenvolver o conceito de “ilha sustentável”. O objectivo é alcançar autonomia em termos energéticos, investindo em energias que não se esgotam.

Para que a investigação seja possível, vão ser assinados acordos entre universidades portuguesas, as agências regionais de Energia e Ambiente das regiões autónomas dos Açores e da Madeira e o MIT-Portugal. Os protocolos serão celebrados hoje, quinta-feira, no âmbito da Conferência Europeia do "Massachussets Institute of Techonology" (MIT), que acontece pela primeira vez em Portugal.

A ilha de S. Miguel poderá ser totalmente sustentável. É uma ilha que já produz energia geotérmica, obtida do calor proveniente da terra [na foto], e “podia aumentar a quantidade de energia produzida”, mas, “durante a noite não haveria consumo e não teria como escoar a energia”, disse o director nacional do MIT-Portugal ao jornal Público.

Paulo Ferrão já apontou àquele jornal duas soluções para que a energia geotérmica seja escoada em S. Miguel: automóveis eléctricos que estejam ligados à noite para sair durante o dia ou casas de “micro geração”, que produzam energia.

As ilhas mais pequenas também teriam mais facilidades em serem autónomas em termos energéticos. “A ilha das Flores poderia ser mantida a energia eólica”, exemplifica Paulo Ferrão, ao jornal Público. Por estarem rodeadas de mar, as ilhas têm mais potencial em explorar as energias eólicas e das ondas.
Paulo Ferrão dá o exemplo “de sucesso” da Islândia: “A Islândia é cem por cento renovável.” “Há cinquenta anos era o país mais pobre da Europa”. Estava dependente do carvão, como principal fonte energética. O responsável nacional do MIT-Portugal contou que foi através da produção geotérmica e hidroeléctrica que este país insular conseguiu ser “sustentável”, além de ter investido o dinheiro, que poupou com as renováveis, em outras indústrias que trouxeram a prosperidade económica.

Para Paulo Ferrão, o crescimento do investimento em energias renováveis é certo e no caso das ilhas só traz benefícios, uma vez que estes territórios pagam, por vezes, mais pelo fornecimento energético.(Jornal Diário, 23 de Março de 2008)


PS- O Conselho de Administração da Eda que apostou num parque eólico para os Graminhais, vem pela voz de um dos seus administradores dizer que, afinal, instalar energia eólica em São Miguel é disparate técnico e económico (Correio dos Açores, 23 de Março de 2008.

Não sei quem tem razão, só sei que os ditos cujos são uma força de bloqueio a uma decente política energética para os Açores.

sexta-feira, março 21, 2008

O BODE NÃO ACREDITA

De acordo com o Correio dos Açores de 20 de Março, "o projecto da Escola Secundária Domingos Rebelo, que visa o aproveitamento racional da energia geotérmica das Furnas para reduzir o consumo energético e diminuir as emissões de gases com efeito de estufa, foi um dos três seleccionados a nível nacional para receber uma verba de 5 mil euros. Este é também um dos 20 projectos vencedores da iniciativa Rock in Rio Escola Solar. Um total de 400 painéis fotovoltaicos serão implantados, no decorrer deste ano, em 20 estabelecimentos de ensino e vão permitir arrecadar cerca de 50 mil euros anuais, através da venda de energia à rede, para apoiar projectos sociais portugueses ao longo de 15 anos."

1ª Dúvida- Terá sido um projecto concebido pelos alunos com o apoio dos professores?

2ª Dúvida- Os alunos vão colaborar na sua implementação?

3ª Dúvida- A que preço vai ser vendida à Eda a energia produzida? Ao que esta quiser?


Por último, temos as respostas para todas as perguntas. A principal é que concursos destes não são para se levar a sério.

sábado, março 08, 2008

MANIFESTAÇÃO DE PROFESSORES



Penso que nunca tal aconteceu, com um intervalo de dois dias os professores de São Miguel manifestaram-se em Ponta Delgada contra a política educativa do Governo Regional dos Açores.

quinta-feira, março 06, 2008

PELA PRIMEIRA VEZ EM PORTUGUÊS O MAIS DEBATIDO CLÁSSICO DA ECOLOGIA E DA NATUREZA



Seis décadas passaram (1949-2008) sem que tivesse sido traduzida para português uma das obras mais importantes de sempre no domínio da ecologia e da natureza.

Com centenas de milhares de exemplares em várias línguas divulgados universalmente, A Sand County Almanac, de Aldo Leopold, é hoje o clássico da natureza e da ecologia mais debatido em todo o mundo.

Para título desta primeira edição em língua portuguesa, Pensar como uma montanha, o editor adoptou uma expressão do próprio A. Leopold, na qual ele aponta para a necessidade de superar o ponto de vista estreitamente antropocêntrico e de ter sempre em conta o longo e o longuíssimo prazo, se se quer evitar a destruição acelerada da natureza, e da humanidade com ela.

A obra estará disponível a preço especial de lançamento (12 euros; preço normal de venda ao público noutros locais: 18 euros). Até 30 de Abril, pode também ser adquirida a preço especial de lançamento exclusivamente por encomenda directa ao editor. Para mais
informações: contacto@sempreempe.pt

quarta-feira, março 05, 2008

MANIFESTAÇÃO EM PONTA DELGADA

Será que nos Açores estamos contentes com as reformas do sistema educativo?

Vamos lá acordar e manifestarmo-nos. Portas da Cidade!Dia 6 21 horas. Trás Apoiantes.

Reenvia.

(Recebido por telemóvel)