sábado, dezembro 24, 2011

Boas Festas

quarta-feira, dezembro 21, 2011



A Escola, um paraíso na Terra?

Com mais de trinta anos de serviço prestado, em várias escolas da ilha de São Miguel e numa da ilha Terceira, acho que estou a atingir o limite das minhas forças e da paciência, não só porque as maleitas associadas à idade já começam a pesar um pouco, mas também porque da parte de quem as devia frequentar, alguns alunos, a receptividade à aprendizagem, por vezes deixa muito a desejar.

Tenho plena consciência de que a sociedade modificou-se, infelizmente nem sempre para melhor, e de que uma parte, se calhar grande, do problema estará do meu lado. Com efeito, não me consigo adaptar à hipocrisia de alguns responsáveis nem ao desrespeito à sociedade e a quem trabalha por parte de quem está na escola apenas para passar o dia no recreio e a perturbar as aulas, desrespeitando quem quer aprender e quem se esforça por ensinar.

Hoje, a escola, e não só, parece-me uma grande produtora de espectáculos cujo único objectivo é transmitir para o exterior que tudo está bem, quando a realidade, sentida por quem a quer sentir, é outra e não há meios para a alterar, por mais que venham dizer que com o actual estatuto do aluno a situação estará a dois passos de ser solucionada. Fico à espera, sentado para não me cansar, de ser aplicada a primeira “multa” aos pais e que esta seja paga com o seu vencimento e não com o chamado “rendimento social” para atirar um bom par de roqueiras.

Gostaria, também, de saber como se pode mudar a escola quando nada se faz, digno de ser realçado, para mudar a sociedade.

Será que é possível exigir disciplina e rigor na escola quando cá fora se fomenta a alienação e o facilitismo? Será que se pode ter outra escola quando se dificulta a participação das famílias, aumentando horários de trabalho e reduzindo os vencimentos?

Será que se pode ter outra escola quando não se motiva os professores, obrigando-os a fazer um conjunto de tarefas inúteis, como planos para isto e para aquilo, quando se sabe que muitos deles não têm meios para sair do papel ou quando se implementam aulas de substituição em moldes que não dignificam os docentes e não servem aos alunos?

Até aqui, limitei-me a referir alguns assuntos de carácter genérico, mas como sou professor de uma disciplina que se inclui nas denominadas ciências experimentais, não queria deixar passar a oportunidade para lamentar o facto dos nossos deputados/governantes, alguns dos quais professores, mas possivelmente sem qualquer vocação para tal, terem, depois de elogiado, da boca para fora, a importância do ensino das ciências, diminuído a sua carga horária.

Também não compreendo como se pretende fomentar o ensino experimental e não se orçamentam as verbas necessárias para pelo menos repor o que nos laboratórios se vai tornando obsoleto ou vai avariando. Culpa da Secretaria Regional que tutela a educação ou insensibilidade dos Conselhos Executivos?

Senhores responsáveis por esta situação, trabalhar, num computador, com laboratórios virtuais não é a mesma coisa do que realizar uma actividade experimental numa sala de aula. Como muito bem escreveu uma estudante de mestrado na Universidade de Aveiro “os laboratórios virtuais não substituem os processos reais. Julgo que esta deve ser a ideia geral a reter. Portanto, o professor deve estar consciente de que o recurso a estes meios apenas deverá ser ocasional”.

Sobre o assunto, o professor, pedagogo, historiador da ciência e da educação, divulgador científico e poeta Rómulo de Carvalho, em entrevista ao Público, em 1996, disse o seguinte: “Em relação ao ensino experimental, as experiências acompanham aquilo que queremos ensinar quando estamos na aula, mas o método de ensino não é exclusivamente experimental. As experiências servem para esclarecer o aluno sobre aquilo que está a ouvir. Eu levava sempre para a aula material que punha em cima da mesa e os alunos olhavam com toda a curiosidade: ‘Para que é isto? Para que é aquilo?’ À medida que ia falando, ia preparando as coisas e mostrando o que se passava, para ilustrar aquilo que estava a dizer.” Será que já está ultrapassado?

Quem não conhece a realidade das escolas e quem lê os jornais por elas editados ficará com a ideia de que nelas não há problemas de indisciplina, que os laboratórios estão todos bem apetrechados, que as novas tecnologias foram capazes de motivar os alunos, que os professores se sentem realizados profissionalmente e que voluntariamente participam nas baterias de actividades de final de período ou comemorativas disto ou daquilo. Enfim, como dizia o meu avô Manuel, a escola é “um céu aberto fechado numa grota”.

Teófilo Braga

(Correio dos Açores, 21 de Dezembro de 2011, p.9)

sexta-feira, dezembro 16, 2011




«BISPO CONDENA E PEDE A ABOLIÇÃO DA CORRIDA DE TOUROS»
Não, infelizmente, isto não é em Portugal.

Em Portugal os bispos estão calados. Coniventes com a barbárie. Cúmplices do espectáculo sádico, que é o Massacre de Touros (vulgo Tourada).

Este é o título de uma notícia, de outro país, que tal como o nosso, ainda não se libertou das trevas, mas onde a Igreja Católica toma posição.

Eis a notícia traduzida, para ser melhor compreendida:

«São numerosas as declarações de membros da Igreja Católica que vêm condenando as corridas de touros. Uma delas é a do Secretário do Vaticano, Bispo Pietro Gasparri que em 1923, disse: “Embora a barbárie humana ainda persista nas corridas de touros, a Igreja continua condenando em voz alta estes sangrentos e vergonhosos espectáculos, como o fez Sua Santidade o Papa Pio V”.

«Recentemente, em Novembro de 2011, o Bispo de Maracaibo, na Venezuela, manifestou-se, dizendo: “Os maus-tratos de animais são um triste e lamentável prolongamento que os seres humanos se infringem mutuamente, e dos quais as mulheres, as crianças e os idosos são as principais vítimas”».
Mais adiante o mesmo Bispo disse: «Como poderemos erradicar do mundo a crueldade e os maus-tratos se nós próprios os apoiamos num espectáculo para divertir o povo?»

«Não obstante, na Colômbia e no mundo, são muitos os que se dizem católicos, e de manhã vão à missa e, de joelhos, rogam pela paz, pela vida, pelo amor, pelo respeito, e à tarde assistem a um dos espectáculos mais cruéis e esvaziados de valores como são as violentas corridas de touros».
Estas declarações podem ser ouvidas através do seguinte link:

https://www.facebook.com/#!/photo.php?v=2895565034196
SENHORES BISPOS PORTUGUESES, PARA QUANDO UMA TOMADA DE POSIÇÃO PÚBLICA, DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS CRISTÃOS, NO SENTIDO DA ABOLIÇÃO DA TORTURA DOS TOUROS E DOS CAVALOS NAS ARENAS PORTUGUESAS?

Fonte: http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/67265.html
BIBLIOFILIA



Meu pai foi camponês, com alguma terra, e minha mãe doméstica, filha de um pequeno lavrador que durante algum tempo também foi vendedor de leite, numa antiga mercearia e a vizinhos, antes das fábricas de lacticínios se instalarem na ilha de São Miguel.
Dada a origem social, a minha família não me proporcionou, em criança, acesso aos livros, a não ser a uns poucos velhos manuais escolares que haviam sido de minha mãe. Apesar desta lacuna, desde muito cedo me interessei pela leitura e saciei o meu gosto por ler requisitando o número máximo permitido pela biblioteca ambulante da Fundação Calouste Gulbenkian que mensalmente visitava a Ribeira Seca de Vila Franca do Campo.

Mais tarde, com o meu ingresso no Externato de Vila Franca, continuei a ler não só os livros de leitura obrigatória mas também muitos outros que requisitava na biblioteca fixa da Gulbenkian que existia na Vila ou que me eram emprestados por pessoas que os possuíam.

Com a minha ida para Ponta Delgada para frequentar o antigo sexto ano de escolaridade (actual décimo ano), com todas as economias que conseguia fazer, comecei a comprar os primeiros livros, jornais e revistas. Na altura, 1974, para além de comprar tudo o que se relacionava com a história dos Açores, alguns romances de escritores de renome portugueses, como Eça de Queirós, e brasileiros, como Jorge Amado, também adquiria quase tudo o que se relacionava com as diferentes correntes políticas, nomeadamente as situadas no lado esquerdo do espectro político-partidário.
Alguns anos mais tarde, a minha pobre e pequena colecção foi muito enriquecida com uma oferta que me fez o camponês e investigador autodidacta Manuel Amaral Brum que se encontrava emigrado nos Estados Unidos da América. Com efeito, aquando de uma sua visita a São Miguel fui convidado por ele para o ajudar a seleccionar livros para oferta ao então Instituto Universitário dos Açores e como paga recebi uma fabulosa colecção de livros sobre os Açores, de que destaco as primeiras edições das Saudades da Terra, de Gaspar Frutuoso, e os seis volumes de “A Vila - História de Vila Franca”, a maioria dos volumes de “A vida dos nossos avós - Estudos etnográficos da vida açoriana através das suas leis gerais” e alguns romances, todos da autoria do vilafranquense Urbano de Mendonça Dias.

Com o decorrer dos anos, o meu convívio diário com os livros e com a leitura nunca esmoreceu e ao longo dos tempos fui aumentando a minha colecção quer através da compra de livros, quer das muitas ofertas que recebi. No que a estas diz respeito, destacaria um conjunto de livros, nomeadamente romances, que pertenceram ao jovem artista plástico micaelense José Manuel de Medeiros Cabral e uma dezena de títulos da autoria do Dr. João Anglin, antigo reitor do Liceu Nacional de Ponta Delgada, que este dedicou à sua “antiga aluna e estimada prima Maria Emília Soares Pereira”.
Embora não tenha por hábito ir a sessões de lançamento de livros e de “pedir” dedicatórias aos seus autores, tenho uns tantos que alguns tiveram a gentileza de me enviar com dedicatória. Entre esses livros destacaria “Açores - Origens, Raízes e História”, editado em 1999, que o seu autor, o jornalista e escritor micaelense Manuel Ferreira, escreveu “em honra e louvor de todos os Açorianos que sabem manter a chama viva da Açorianidade e alto o pensamento na exaltação da pequena Pátria Açoriana”.

Sem nunca abandonar a temática açoriana, nos últimos tempos, tenho lido e comprado biografias e publicações diversas sobre a resistência à ditadura de Salazar e Caetano e sobre os primeiros anos após a chamada Revolução dos Cravos.

É deste período que tenho a assinatura mais “famosa”. Está no livro “O imperialismo e a revolução”, editado pelas Edições Bandeira Vermelha, em 1978, e é da autoria de um membro do Partido Comunista do Brasil, o Eng.º Diógenes Arruda Câmara, que foi perseguido e torturado pela ditadura fascista brasileira e que esteve exilado em Portugal, onde desempenhou um papel de relevo na criação do, hoje extinto, Partido Comunista Português Reconstruído e da União Democrática Popular, um dos partidos, também já desaparecido, que esteve na origem da criação do Bloco de Esquerda.

Diógenes Arruda e Jorge Amado foram grandes amigos, de tal modo que o famoso escritor brasileiro fez dele uma das personagens (Vítor) e a ele dedicou o seu romance “Subterrâneos da Liberdade”.

Teófilo Braga

sábado, novembro 26, 2011

O Padre Mário fala da Greve Geral

domingo, novembro 20, 2011

Em defesa das aves




Foi criado um novo blogue sobre aves dos Açores que pode ser consultado aqui:
http://avifaunadosacores.blogspot.com/

segunda-feira, novembro 14, 2011

Em defesa das aves e dos Açores


Assine a petição aqui: http://www.peticaopublica.com/PeticaoListaSignatarios.aspx?pi=AVESACOR

quarta-feira, novembro 09, 2011

Em defesa da avifauna açoriana


Para: Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores; Sua Excelência Presidente do Governo Regional dos Açores; Sua Excelência Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores; Suas Excelências Presidentes dos Grupos Parlamentares à ALRAA;

Face ao recente propósito do Governo Regional dos Açores de incluir espécies de aves nativas açorianas na Lista das espécies cinegéticas, através do novo decreto regional - Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da Protecção da Biodiversidade, actualmente em discussão na Assembleia Regional, os assinantes desta petição querem chamar a atenção para:

1. A falta de estudos científicos sobre a biologia destas espécies e dos seus habitats. Existe um grande desconhecimento sobre a caracterização genética dalgumas destas espécies, levantando grandes problemas na conservação da sua biodiversidade. Para além disso, os habitats que todas estas espécies ocupam são muito restritos e sensíveis, pelo que qualquer alteração neles poderá ter também grandes implicações na sua conservação. Faltam igualmente estudos sobre a importância que a região desempenha nas migrações de determinadas aves.

2. A falta de atribuição dum estatuto de conservação às aves incluídas nesta lista. Nenhuma das espécies incluídas nesta lista de espécies cinegéticas tem atribuída uma categoria de conservação na região biogeográfica dos Açores, não existindo ainda os estudos científicos necessários para tal efeito. No entanto, atendendo aos critérios internacionais utilizados, parece provável que algumas destas espécies venham a ser qualificadas como espécies ameaçadas (e catalogadas portanto como criticamente em perigo, em perigo ou vulneráveis).

3. A falta de estudos sobre o impacto da caça nestas espécies e os seus habitats. O impacto da caça nas espécies incluídas na lista poderá ser especialmente grave devido às suas muito reduzidas populações e ao facto delas ocuparem habitats, nomeadamente os de alimentação, muito escassos e localizados. A actividade da caça deverá ainda afectar a todas as espécies que ocupam esse habitat, incluídas ou não nesta lista das espécies cinegéticas. E no caso das zonas húmidas, a caça poderá levar à contaminação das águas com chumbo e à aparição da doença do saturnismo.

4. A impossibilidade prática de aplicar esta lista devido à enorme dificuldade de identificar correctamente as espécies. Algumas espécies incluídas nesta lista são quase impossíveis de diferenciar de outras espécies não incluídas nela e que também estão presentes regularmente nos Açores. Isto acontece nomeadamente com várias espécies de patos europeus em relação aos seus equivalentes americanos, e mais ainda em relação às narcejas europeias e americanas.

5. O problema da introdução de espécies exóticas. O facto da lista de espécies cinegéticas incluir também duas espécies de aves exóticas coloca em clara perspectiva a introdução destas no meio natural. Introduções deste tipo, já realizadas no passado, parecem ignorar os riscos associados às espécies exóticas num meio tão particularmente frágil como o meio insular açoriano. As espécies e variedades exóticas podem causar, como no caso das codornizes, graves problemas de hibridismo e de diminuição do património genético das espécies nativas, para além de introduzir também agentes patogénicos.

6. A necessária aposta no turismo de observação de aves. O arquipélago dos Açores é uma região privilegiada para a observação de aves migratórias americanas e europeias (mais de 400 espécies observadas nos últimos anos) e tem enormes oportunidades para o desenvolvimento do turismo de observação de aves (birdwatching), já em franca expansão. Este tipo de turismo traz inúmeras vantagens económicas para a Região: é uma actividade repartida por todas as ilhas; acontece principalmente durante os meses de outono e inverno; é um turismo verde e sustentável, quase sem impacto no ambiente; e injecta dinheiro de fora da Região na economia das ilhas. Mas este turismo, como é evidente, é incompatível com a permissão da caça das espécies da avifauna açoriana.

Assim, os assinantes desta petição solicitam:


- A não inclusão das espécies de aves nativas (reprodutoras ou visitantes) na lista de espécies de carácter cinegético dos Açores.
- A não introdução de espécies exóticas, nomeadamente aves, com um propósito cinegético no meio natural dos Açores.
- O desenvolvimento dum turismo verde associado à observação de aves que traga vantagens económicas a todas as ilhas açorianas.

Assine aqui:

http://www.peticaopublica.com/PeticaoListaSignatarios.aspx?pi=AVESACOR

segunda-feira, outubro 24, 2011

Este ano salve um cagarro




O cagarro é uma ave oceânica que vem a terra apenas durante a época de reprodução. Este período decorre entre Março e Outubro altura em que as crias já suficientemente desenvolvidas partem com os seus progenitores em direcção ao mar, dispersando-se pelo Oceano Atlântico e regressando apenas no próximo ano.

A sua partida realiza-se de noite e muitas delas são atraídas pelas luzes das nossas vilas e cidades, acabando por cair em terra e sendo-lhes neste caso impossível voltar a levantar voo se não forem ajudadas.

Sendo os Açores uma das zonas mais importantes no que respeita à reprodução dos cagarros é muito importante que um máximo de aves seja salva para que o nível populacional da espécie se mantenha.

Se encontrar durante o dia um cagarro devolva-o ao mar. Se o encontrar à noite recolha-o, de preferência numa caixa fechada (de papelão), não tente alimentá-lo e devolva-o ao mar logo na manhã seguinte.

sexta-feira, setembro 30, 2011

Vamos participar, nos próximos dois meses, activamente na protecção e salvação do cagarro!
Aqui vão alguns documentos sobre a espécie/campanha em sua defesa.


Texto do Grupo de Ecologistas de Santa Maria (1984)


Texto de Miguel de Figueiredo Corte-Real (1988)


Texto da responsabilidade do Núcleo de Ornitologia dos Amigos da Terra Açores (1989)


Publicidade da Direcção Regional do Ambiente (1997)

domingo, setembro 11, 2011

Os primeiros cinco anos em defesa das Lagoas

quarta-feira, setembro 07, 2011




O JOVEM LIBERTÁRIO JOÃO ANGLIN

O gosto pela leitura, nomeadamente de quase tudo ao que aos Açores diz respeito, fez com que, há alguns anos, tenha chegado às minhas mãos uma separata da revista “Insvlana” dedicada ao jornal de inspiração anarquista “Vida Nova”, de Ponta Delgada, que terei lido e não dado muita importância.

Em 2010, no âmbito do meu envolvimento na defesa dos animais, ao pesquisar sobre Alice Moderno, precursora dos actuais movimentos de defesa do ambiente e amiga dos animais, deparei-me com um texto de João Anglin, no jornal “A Folha”, que primeiro havia sido publicado no “Vida Nova”.

A leitura, quase simultânea, da História dos Açores, do Dr. Carlos Melo Bento, onde o Dr. João Anglin era apresentado como “professor liceal de grande mérito pedagógico, legionário nacionalista e um dos importantes esteios do regime” e do livro “A oposição ao Salazarismo em São Miguel e em Outras Ilhas Açorianas (1950-1974) ” onde num texto da Doutora Sacuntala de Miranda a dado passo se fica a saber que o Liceu Antero de Quental, em pleno regime salazarista conservava sob a gestão do Dr. João Anglin “significativos traços democráticos” e que aquele “estava longe de ser uma figura autoritária e era coadjuvado, nas suas funções, por professores de tradições democráticas, como o meu pai e o Dr. João Bernardo Rodrigues”, despertou-me a curiosidade em conhecer melhor a personalidade do Dr. João Anglin que foi durante muitos anos reitor do Liceu Antero de Quental, escola onde frequentei os antigos 6º e 7º anos do Ensino Liceal.

Através da investigação que fiz cheguei à conclusão que, na sua adolescência, ele foi um militante libertário, já que, como escreve João Freire, não se limitou a “uma adesão intelectual à doutrina”, mas teve uma actividade de relevo “no sentido de difundir e alargar o raio de influência social” do ideal anarquista como o demonstram os textos que publicou no “Vida Nova”.

A seguir, apresento um pouco do pensamento de João Anglin durante o período que vai de 8 de Junho de 1908 a 22 de Abril de 1911.

O 1º de Maio, data comemorada em Portugal desde 1890, foi tema usado por João Anglin em dois textos. Para além da denúncia da situação degradante em que viviam (e vivem) os mais explorados, nomeadamente os operários, há nos textos uma mensagem de denúncia do capitalismo e da transformação da data, por alguns, em dia de “festas e patuscadas” e uma palavra de esperança numa revolução que “se não fará esperar muito”. Só quando tal acontecer, escrevia João Anglin, aquele dia deixará “de ser um dia de protesto e de luta para ser um dia de festa e regozijo universais”.

O anti-militarismo foi, também, um assunto que não esteve ausente das preocupações e textos de João Anglin e do “Vida Nova” à semelhança do que acontecia noutros jornais nacionais que publicavam cartas/apelos aos soldados ou cartas destes a descrever a vida nos quartéis. João Anglin, para além considerar os quartéis como “focos de imoralidade e ociosidade” escrevia que com a incorporação no exército perdiam-se braços produtores (na agricultura) e quem beneficiava era “o Estado e toda essa corte de satélites que em torno dele adejam, porque assim é mais um autómato a servi-los, mais uma lança a defendê-los”.

A influência da Igreja Católica na sociedade micaelense foi um dos alvos da luta de João Anglin como se pode confirmar através da leitura de vários textos onde, mais do que combater os fundamentos da religião, aponta as suas baterias para os “ministros” que corrompem “as sublimes doutrinas do fundador do Cristianismo”.

Na maioria dos textos de João Anglin, a educação e a instrução são os temas principais. Segundo ele, a sociedade retrógrada em que vivia só poderia ser destruída por meio da instrução que segundo ele é:

“O único guia seguro que dirige os povos pela estrada que conduz à civilização; ela é também o meio eficaz para as massas proletárias se libertarem do jugo que lhes impõe a burguesia.
Só por meio de uma instrução baseada nos princípios da justiça e do amor, é que o povo compreenderá os seus direitos e gritará bem alto: Queremos liberdade.”

T. Braga

Fonte: http://www.correiodosacores.net/index.php?mode=noticia&id=34791

domingo, agosto 28, 2011



Políticos, ex-governantes socialistas, docentes e investigadores universitários, ecologistas, ambientalistas e cidadãos contra a Incineração de resíduos nos Açores
Ex-membro do governo de César contra queima de lixo em São Miguel


O ex-secretário regional do Ambiente de um dos governos socialistas de Carlos César, o ainda deputado socialista Hélder Marques da Silva, voltou ontem a manifestar-se contra a solução de queima de lixos em São Miguel. “Fui e sou contra”, acentuou ao jornalista. “Apesar destes novos sistemas de incineração terem fi ltros que garantem uma contaminação mínima do ambiente envolvente, a verdade é que há sempre riscos, até uma avaria…”, afi rma o deputado socialista.

Além do mais, prossegue, “há que evitar as dúvidas das populações que vão persistir apesar de todas as explicações”, sublinhou.

Estas declarações de Hélder Marques da Silva, a pedido do jornalista do ‘Correio dos Açores’, surgem numa altura em que se encontra em consulta pública o estudo de impacto ambiental “Ecoparque da Ilha de S. Miguel” que integra a construção de um equipamento de queima de resíduos, vulgo incineradora, e que a associação ecológico ‘Amigos dos Açores’ torna público um manifesto em abaixo-assinado contra a incineração de resíduos em São Miguel.

Esta petição é assinada por Catarina Furtado, actual directora regional da Energia; por Roberto Terra, administrador da empresa pública ‘Azorina’; pelo ex-director regional da Energia, Rui Coutinho, que é, actualmente, dirigente da Quercus de São Miguel. Eduardo Carqueijeiro, que foi director do Ambiente, pertence à página do ‘Facebook’ contra a incineração; e, entre outros – alguns engenheiros do ambiente e o ecologista Teófilo Braga.

Assinada ainda a petição da associação ‘Amigos dos Açores’, Hélder Góis, assessor da secretária regional da Educação; pelo investigador do DOP, Filipe Mora Porteiro; pelo ex-director da ARENA – Agência Regional da Energia, Pedro Perpétua; e a Regina Cunha, membro da equipa do estudo de impacte ambiental da instalação da incineradora em São Miguel.

Proibir instalação de incineradoras

No manifesto, a associação ecológica ‘Amigos dos Açores’ quer que o Parlamento dos Açores adopte “os princípios da precaução e da incerteza no que respeita à introdução da incineração nos Açores”.

Pede a “proibição da instalação de incineradoras nos Açores, bem como da queima de resíduos sólidos urbanos para produção de energia”.

É apologista da “eliminação da incineração por constituir prática altamente comprometedora e incerta quanto aos riscos ambientais para as gerações presentes e futuras”.

Defende “o desenvolvimento de políticas governamentais que tenham por objectivo a prevenção e a redução de resíduos”.

No entender da associação ecológica, “a adopção da queima de matérias após o seu consumo não constitui solução para a resolução da problemática social que é a gestão de resíduos”.

Releva que a incineração é, a nível mundial, uma das principais fontes de poluentes - como dioxinas, furanos, metais pesados como o mercúrio, poluentes orgânicos persistentes - responsáveis por danos
ambientais irreversíveis e doenças mortais, e que existem convenções internacionais (como a Convenção de Estocolmo) que recomendam que o uso da incineração seja eliminado progressivamente.

“Enquanto região altamente comprometida com a qualidade e responsabilidade ambiental”, diz a associação ecológica, os Açores “devem adoptar medidas sustentáveis que não são compatíveis com a queima de resíduos sólidos urbanos que produzem emissão de gases que contribuem para o aquecimento global, que implicarão a compra de quotas de emissão de CO2 com o dinheiro dos contribuintes”.

“Não à combustão de resíduos”

Os ‘Amigos dos Açores’ consideram que emissões aéreas resultantes da incineração, compostas por cerca de duas centenas de compostos químicos diferentes, “são incontroláveis e que as cinzas resultantes do processo de queima são classificadas como resíduos perigosos, necessitam de tratamento, em função da sua toxicidade, para deposição posterior em aterro”.

Consideram que o investimento “crescente da Região num sistema integrado de recolha, triagem, reutilização e reciclagem de resíduos tem resultado numa consciência e educação ambiental progressiva dos cidadãos, que urge evoluir para a prevenção da produção de lixo e não para a remediação que é a combustão de resíduos”.

Dizem que, noutros locais do mundo, que efectuam reciclagem conjuntamente com incineração, a taxa de recolha de materiais recicláveis é, geralmente, muito baixa e que é necessária a compra a territórios vizinhos de resíduos para queima, “o que no caso dos Açores, dada a pequena escala e a descontinuidade territorial, assumiria uma problemática ainda mais complexa”.

Sublinham que a queima de resíduos “destrói materiais com potencial de reutilização e reciclagem, que implica o consumo de novas matérias-primas e consumo de energia para a sua transformação e que a energia eléctrica produzida pelas incineradoras pode ser proveniente de fontes renováveis (como da geotermia nas ilhas de São Miguel e Terceira), a opção pela incineração de resíduos sólidos urbanos constitui um processo de desvalorização energética e de aumento do consumo de recursos naturais”.

João Paz

Correio dos Açores, 27 de Agosto de 2011

sexta-feira, agosto 26, 2011

O Padre Himalaya



Foto: http://ruasdoporto.blogspot.com/2007/09/rua-padre-himalaya.html


1- O sábio

O padre Manuel António Gomes (1868-1933), mais conhecido por padre Himalaya, devido à sua estatura, foi o cientista português que construiu um aparelho chamado pirelióforo que recebeu o grande prémio da Feira Internacional de Saint. Louis, nos Estados Unidos da América, em 1904.

O pirelióforo, um forno solar com 13 m de altura, com uma superfície reflectora de 80 m2, possuía 6117 espelhos de 12x10 cm cada um, atingia temperaturas na ordem dos 3800 º C e foi criado com o objectivo de ser usado para a produção de água potável em regiões desérticas, para a produção de vapor para a indústria, para a fusão de alguns materiais e para a produção de fertilizantes.

Outra das invenções do padre Himalaya foi um explosivo, chamado “himalaite”, três vezes mais potente que a dinamite, que o sábio português fez questão de ser usado apenas para fins pacíficos.

Mas a vida multifacetada e misteriosa do padre Himalaya, que para além da energia solar interessou-se por outras formas de energia, como a das marés, para a produção de electricidade, foi naturalista, tendo criado medicamentos à base de plantas, foi iridologista, etc., ainda hoje é pouco conhecida.

Sobre a sua vida e obra, conhecemos o livro “A Conspiração Solar do Padre Himalaya”, do professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Jacinto Rodrigues, e um filme também da responsabilidade do mesmo professor que considera o Padre Himalaya um pioneiro da Ecologia.

Pena é que tanto o livro como o filme não tenham grande divulgação nas escolas dos Açores, mas os ensinamentos que da sua leitura ou visionação se poderiam tirar parecem não ser prioridade para quem comanda os destinos da Região.

Depois da educação ambiental ter entrado em desuso, da educação para a energia nunca ter sido levada a sério, a nova aposta é no “empreendorismo”, que ainda não percebi bem o que é, nem para que serve, e não me vou dar ao trabalho de me informar, pois tenho receio de que, quando já estiver por dentro do assunto, a moda já tenha passado.

2- O padre Himalaya e os Açores

Não temos a pretensão de referir neste espaço tudo o que foi feito, nos Açores, para divulgar a vida e a obra do Padre Himalaya. Assim, mencionaremos iniciativas em que de um modo ou de outro estive envolvido, bem como um texto de Alice Moderno publicado no princípio do século passado.

Em 1987, Ano Europeu do Ambiente, os Amigos da Terra/Açores e a Escola Secundária Antero de Quental, promoveram uma “Semana das Energias Renováveis” que teve como objectivos, entre outros, sensibilizar a população estudantil para o problema energético mundial e discutir vantagens e desvantagens das diferentes alternativas energéticas. Nesta semana foi editada e divulgada a brochura “Um estranho sábio português”, com um texto sobre o Padre Himalaya, da autoria do professor Jacinto Rodrigues.

No ao lectivo 2003-204, por iniciativa da Sociedade Portuguesa de Energia solar, surge, a nível nacional, o Concurso Solar Padre Himalaya, dirigido aos alunos ds escolas, públicas ou privadas, dos ensinos básico e secundário que pretendia “estimular a construção de protótipos didácticos que utilizem tecnologia de conversão de energia solar”.

Nos Açores, em 2005 e 2006, o concurso foi apoiado e divulgado pela ARENA que organizou, em cada um dos anos referidos, na Ilha de São Miguel, sessões de informação/formação para professores e alunos. Em ambos os anos, estiveram presentes na final realizada, em Lisboa, alunos de escolas de várias ilhas dos Açores que tiveram a oportunidade apresentar carrinhos e fornos solares por eles construídos.
No início do século passado, Alice Moderno citou um texto onde o autor, a propósito do modo como o país tratava a ciência, escreveu o seguinte: “Fuja, padre Himalaya, fuja, que isto apesar de fingir civilizado ainda, está no íntimo, no mesmo estado em que se encontrava no tempo em que foi perseguido o Padre Bartolomeu de Gusmão por ter inventado a passarola”… “Isto aqui não é terra para sábios nem para inventores, nem para estudiosos”…”Aqui a sabedoria só faz carreira na política. Aí sim, aí, quem tiver invenções mesmo que não possua ideias, é gente”.

Teófilo Braga

quinta-feira, agosto 25, 2011




Esquerdalhos, Renegados e outros Bandalhos

Conheça os figurões que, depois de se "reciclarem", nos governam a vida através da leiturea deste pequeno livro do Coronel Varela Gomes que a propósito escreveu:

"O sistema burguês/capitalista que hoje em dia domina o mundo, é: Um sistema canalha. Quem o apoia em canalha se converte."

quarta-feira, julho 27, 2011



Turismo, a torto e a direito

Durante alguns anos, a propaganda oficial fez com que muito boa gente acreditasse que os Açores eram atrasados porque possuíam muita gente no sector primário e que o progresso açoriano só seria possível se a região abandonasse os campos e as pescas e passasse a ser uma prestadora de serviços.
O peixe viria da Austrália, os melões de Almeirim, as uvas da África do Sul, os pepinos de Espanha e o leite viria das “nossas” vacas que também eram antiquadas pois ainda comiam erva (hoje não se sabe bem qual o seu alimento), daí foi um tal abandonar a agricultura que não é o mesmo que pecuária, embora alguns governantes, que como sabemos não são deficientes, continuem a confundir uma coisa com a outra.
A saída do atoleiro onde anda(va) a economia regional foi encontrada na aposta num novo “ciclo”, o do turismo interno e externo. Se o primeiro tem tido algum sucesso, através das viagens (subsidiadas) de barco entre as ilhas, o segundo parece que, pelo menos nos últimos tempos, nem por isso.
É precisamente o turismo ou, melhor, a palavra turismo que é a arma de arremesso que serve para tudo justificar, até o impossível, como exemplificarei a seguir.
Se uma associação ambientalista ou que se diz como tal solicitava apoio para algum projecto, para além de ter de mencionar a importância didáctica, científica ou conservacionista do mesmo, aproveitava a ocasião para enxertar o interesse turístico pois esta referência era meio caminho para que as diversas entidades mais facilmente abrissem os cordões à bolsa.
Se uma entidade queria asfaltar uma travessa, cimentar um beco ou arranjar uma canada, para conseguir apoio bastava tentar ludibriar a tutela, apresentando um projecto de trilho pedestre, claro, de elevado interesse turístico.
Se um cidadão tinha a intenção de recuperar uma casa e não queria fazer as obras à sua custa, apresentava um projecto de turismo de habitação, em virtude do tão elevado interesse turístico do empreendimento.
Se um grupo pretendia incrementar a tortura animal, introduzindo a sorte de varas e os touros de morte, depois de conseguir a primeira, e no século XXI não há argumento decente para tal, a solução é (será?) alegar que aquelas “artes” atrairão milhares de aficionados de todo o mundo e outros tantos de outros planetas. Volta a estar, portanto, presente o incansável argumento turístico.
Se uma autarquia quer apoiar uma festa de Verão recém-nascida ou outra cuja tradição já é secular, felizmente não tem uma só solução. Para além do estafado interesse turístico e do quase garantido apoio da tutela, caso as cores partidárias sejam as mesmas, tem, também, à sua disposição o PRORURAL.
Para quem tiver a paciência de ler, embora não recomende pois de uma farsa se trata já que compara a incineração com um aterro (que não é alternativa a nada), o estudo de impacte ambiental do Ecoparque da Ilha de São Miguel, vulgo incineradora, terá a oportunidade de ficar a saber que, para além dos impactos positivos na saúde e no ambiente, o mesmo terá impactos positivos no turismo. Há alguns anos, no reinado do PSD, os pontos turísticos de São Miguel eram as Furnas, as Sete Cidades, a Lagoa do Fogo e a Escola Secundária das Laranjeiras, agora o reino socialista, depois de substituir a Escola das Laranjeiras pela Secundária da Lagoa, pretende acrescentar a Incineradora das Murtas.
Podia continuar a apresentar mais exemplos, mas, para não maçar o leitor e por economia de tempo e espaço, fico por aqui, deixando a seguinte questão:
É turismo para aqui e para ali, são turistas, turistas e mais turistas. E nós, açorianos - incluo todos os que aqui decidiram viver em harmonia com os que cá nasceram e não às costas destes - não contamos para nada?

27 de Julho de 2011

Teófilo Braga

Fonte: Correio dos Açores

segunda-feira, julho 25, 2011


Algar do Pico Queimado, 25 de Julho de 2011

segunda-feira, julho 18, 2011



AÇORES LIVRES DE TRANSGÉNICOS


Depois da petição em curso, vamos continuar a sensibilizar as autoridades para a necessidade de Declarar os Açores como Zona Livre de Transgénicos. Se concordar com a iniciativa poderá enviar o texto abaixo com ou sem alterações ou outro texto original para os seguintes endereços:


Presidentes: presidente@alra.pt, presidencia@azores.gov.pt
Deputados: apascoal@alra.pt, alsilva@alra.pt, aparreira@alra.pt, bchaves@alra.pt, boliveira@alra.pt, bmessias@alra.pt, cmendonca2@alra.pt, cfurtado@alra.pt, cpavao@alra.pt, dcunha@alra.pt, dmoreira@alra.pt, fcesar@alra.pt, fcoelho@alra.pt, gnunes@alra.pt, hjorge@alra.pt, irodrigues@alra.pt, jmgavila@alra.pt, jlima@alra.pt, jrego@alra.pt, jsan-bento@alra.pt, lmachado@alra.pt, lrodrigues@alra.pt, hrosa@alra.pt, namaral@alra.pt, pbettencourt@alra.pt, plalanda@alra.pt, rcabral@alra.pt, rveiros@alra.pt, vbettencourt@alra.pt, asantos@alra.pt, amarinho@alra.pt, apcosta@alra.pt, aventura@alra.pt, cbretao@alra.pt, calmeida@alra.pt, clopes@alra.pt, cmeneses@alra.pt, dfreitas@alra.pt, falvares@alra.pt, jbcosta@alra.pt, cpereira@alra.pt, jmacedo@alra.pt, jfernandes@alra.pt, lgarcia@alra.pt, mmarques@alra.pt, pgomes@alra.pt, rramos@alra.pt, alima@alra.pt, prosa@alra.pt, lsilveira@alra.pt, prmedina@alra.pt, amoreira@alra.pt, jcascalho@alra.pt, zsoares@alra.pt, apires@alra.pt, pestevao@alra.pt
Bcc: , , , , , , , , , , , "Baluarte" , "Correio Insular" , "Diário dos Açores" , "Faial on Line" , "Jornal Diário" , "Portuguese Times" , "Terra Nostra" , amigosdosaçores@amigosdosacores.pt, gequesta@gmail.com, terralivreacores@gmail.com



Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA)

Exmo. Senhor Presidente do Governo Regional dos Açores

Exmos. Senhores Deputados

Como é do conhecimento público, 60% dos europeus sentem que precisam de mais informações antes que seja autorizada a plantação de Organismos Geneticamente Modificados (OGM), que actualmente é feita pois os decisores têm dado mais importância ao lobby dos produtores do que ao interesse público.
Considerando que não são suficientemente conhecidos os efeitos dos OGM na saúde e no ambiente, e até que a ciência garanta que os mesmos não têm efeitos negativos, venho solicitar que a Assembleia Legislativa Regional dos Açores declare, imediatamente, a Região Autónoma dos Açores como Zona Livre de cultivo de OGM;
(Nome)
E se achar por bem
(Nº de identificação)
(Local)

quarta-feira, julho 13, 2011



Números há muitos

1- Pico da Pedra ou Entroncamento?

Não vivo no Entroncamento por isso não tenho a oportunidade de assistir a alguns “fenómenos “ da natureza, como ver batatas a “pesar” 10 kg ou ver couves a crescerem até 3 metros de altura. Como vivo no Pico da Pedra e como a terra não é tão rica, limito-me a apreciar a imaginação fértil de alguns humanos responsáveis pelos destinos da vida pública.
Antes de entrar propriamente na área destinada à matemática, vou falar aqui numa curiosidade que talvez não exista noutras paragens. Sabiam que o Pico da Pedra, não tendo em conta o Muro de Berlim e um outro que está a ser construído em Israel, será o único sítio do mundo que tem uma rua, a Capitão Manuel Cordeiro, que está dividida em duas partes separadas pelo aquilo que resta de um antigo pomar e por um muro?
Mas, se por acaso tal facto não for muito original, o que vou relatar a seguir, tenho a certeza que, por ser inovador, deverá servir de exemplo a outras autarquias que tenham dificuldade com a atribuição de números de polícia.
Não é que um morador de um dos troços da referida rua pediu à Câmara Municipal da Ribeira Grande que lhe fosse atribuído o número de polícia à sua casa e depois de receber o ofício da referida autarquia dirigiu-se, todo contente, ao posto de correios a comunicar que a partir da daquela data já não teria mais problemas com a sua correspondência. Neste, algumas pessoas que assistiram à conversa alertaram para o facto de o problema não ficar resolvido, pois na Rua Capitão Manuel Cordeiro existiam números de polícia iguais.
Por economia de tempo e de espaço, não vou relatar todas as diligências feitas junto da Câmara Municipal da Ribeira Grande para resolver o imbróglio, vou limitar-me a fazer o ponto de situação actual. A Rua Capitão Manuel Cordeiro, artéria que liga a Rua Dr. Dinis Moreira da Mota à Rua da Saudade (Canada Grande) dever ser a única rua do Mundo em que dos dois lados, esquerdo e direito, tem números ímpares e repetidos. Sabendo-se que o senhor Presidente da Câmara é de História, será que tem horror aos números e uma fobia especial pelos pares?

2- Impérios

Como o tema é números, farei em seguida uma breve referência aos Impérios do Espírito Santo que contra ventos e marés continuam a proliferar por tudo quanto é freguesia, localidade, rua, beco ou travessa na ilha de São Miguel.

Embora não tenha dados quantitativos, através de uma volta pela ilha de São Miguel será fácil constatar que a festa não está em regressão, antes pelo contrário. Se alguns impérios por vezes passam por algumas dificuldades, outros há que surgem onde antes não eram tradição.

Associado ao crescimento do número dos impérios está a participação das pessoas nas várias actividades a eles associados, o que contraria a tendência geral para a não participação na vida social e política que está associada à descrença na política, nos políticos e nas instituições políticas.

Mas, ou porque os efeitos da crise ainda não se fazem sentir ou apesar deles, o que me surpreende são os montantes envolvidos na organização das festas, as quais, na generalidade, não contam com quaisquer apoios públicos.

Ao que conseguimos apurar numa pequena freguesia da ilha de São Miguel, depois de vários dias de festas, dois dos quais com a actuação de artistas vindos de Portugal continental, o saldo obtido ainda ultrapassou os vinte mil euros.

Não me preocupam muito as alterações que têm sido introduzidas nos últimos anos em alguns impérios, desde que as mesmas não venham substituir uma das causas que levaram ao seu surgimento: a partilha de bens (alimentos) com os mais necessitados. O que é inquietante, embora ainda residual em São Miguel, é o desvio, de verbas para a promoção de “negócios” que em nada dignificam o ser humano e não contribuem para a educação das pessoas, como são as touradas, vacadas ou bezerradas.

Teófilo Braga
Correio dos Açores, 13 de Julho de 2011

terça-feira, junho 28, 2011

Cultura ou barbárie?



Sanjoaninas, 2011

quinta-feira, junho 23, 2011

Eduardo Galeano

domingo, junho 05, 2011

Associativismo, Participação e Consciência Ambiental

quinta-feira, junho 02, 2011



Tourada na Pedreira - Nordeste

Está programada uma tourada à corda para o próximo dia 5 de Junho, na Pedreira, concelho de Nordeste


Escreva à Câmara Municipal de Nordeste a lamentar a ocorrência
deste espectáculo nesta freguesia e a solicitar o seu cancelamento. Pode usar o texto abaixo ou personalizá-lo a seu gosto.



Para: geral@cmnordeste.pt, presidente@cmnordeste.pt
c/c: acoresmelhores@gmail.com



Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Nordeste,


Tomei conhecimento de que se irá realizar na Freguesia de Pedreira uma tourada à corda e venho por este meio manifestar o meu total repúdio por tal acontecimento!

Bem sei que quem o faz e permite normalmente fá-lo por motivos lúdicos e que neles encontra justificação, como a tradição e divertimento. Não há tradição ou divertimento que justifiquem o sofrimento e maus tratos a um animal, seja uma tourada, circo, jardim zoológico ou qualquer outro ambiente.

Sabendo-se que a mesma irá realizar-se no próximo dia 5 de Junho, em dia de eleições nacionais, vimos para além de manifestar o nosso desapontamento, pelo facto da tourada conspurcar as tradicionais festas do Divino Espírito Santo, e solicitar o seu cancelamento pois em dia de eleições nem actividades desportivas são autorizadas.

Com os melhores cumprimentos,

Nome
Morada

quarta-feira, junho 01, 2011


Abstenção

1 - Eleitoral
Ciclicamente, os líderes partidários vêm a público lamentar o facto de um número crescente de eleitores não se dignar ir às urnas nos mais diversos actos eleitorais.
Muitas são as causas responsáveis pelos números da abstenção, desde a desculpa, sempre presente, da desactualização dos cadernos eleitorais, passando pelo desinteresse, pela resignação ou pela falta de cultura cívica.
É claro que para os políticos, nunca está em causa a sua credibilidade bem como a das instituições onde estão inseridos, daí que não haja qualquer esforço para procurar novas soluções para o exercício da cidadania.
Que motivação tem um eleitor dos Açores para votar no próximo dia 5 de Junho quando a maioria dos deputados que esteve na Assembleia da República ou não teve um desempenho assinalável ou não soube ou não quis transmitir o que andou a fazer?
Que motivação tem um eleitor de Portugal para votar quando sabe que o grosso das políticas que serão implementadas, a seguir às eleições, já está definido por entidades exteriores ao país?
Que motivação tenho para dirigir-me à mesa de voto quando sei que, vença o partido que vencer, quem ganhará são as clientelas partidárias que tudo farão para manter o cidadão “empanturrado, comprador, depredador de si mesmo, estúpido, com a obsessão do dinheiro e da acumulação de objectos desnecessários: um mentiroso que mente a si mesmo” (Guy Debord)?
A propósito de mentiras, que raio de país é este que continua a votar massivamente em políticos que apresentam todos os tiques associados aos mentirosos compulsivos?

2 - Social
Estaria quase tudo bem se a abstenção se limitasse ao acto de colocar o boletim de voto nas urnas, sabendo-se que as eleições ocorrem espaçadamente no tempo. O mais grave, pelo menos segundo o meu ponto de vista, é a participação social, isto é a que se deveria fazer diariamente, no acompanhamento dos filhos que frequentam as escolas, nas associações ambientais ou outras, nas cooperativas, nos sindicatos, nas paróquias, nos clubes desportivos e culturais, etc., etc.
Se é verdade que existe falta de cultura cívica, isto é, não há uma predisposição das pessoas para o envolvimento nas questões de interesse comum, não é menos verdade que muitas das organizações possuem estruturas centralizadas, possuem líderes que, aproveitando-se do vazio à sua volta, tornaram-se autoritários, para não dizer totalitários, e perseguem objectivos para além dos que estão bem explícitos nos seus estatutos.
Ao longo da minha vida fui activista sindical, fui dirigente cooperativo e militante pela causa ambiental, não me considerando ambientalista. Nas diversas organizações onde estive inserido, tive a oportunidade de contactar com um pouco de tudo, desde pessoas que se dedicavam de alma e coração às causas, que a única recompensa que tiraram foi a satisfação com o dever cumprido, passando por alpinistas sociais que usavam as associações para adquirirem currículo e visibilidade com vista à ocupação de cargos no aparelho de estado ou nas empresas e associações estatais, até aos fundamentalistas ambientais que eram ferozes opositores a toda a medida que partia de determinado governo ou autarquia, desde que o mesmo ou a mesma não fosse do partido político da sua predilecção. Alguns destes últimos, encontram-se bem instalados a comer à mesa do orçamento regional.
Para terminar, uma breve nota sobre o movimento sindical. Embora não tenha dados para todas as actividades profissionais, tenho a sensação de que os sindicatos estão a perder associados e já não têm o dinamismo que tiveram outrora. Hoje, muitos sindicatos (a maioria?) são instrumentos de manobra e de pressão das mais diversas forças partidárias e os seus dirigentes perpetuam-se nos cargos, impedindo a necessária renovação.
Talvez seja por isso que alguns colegas de profissão, mesmo os sindicalizados, nas suas conversas colocam os sindicatos ao mesmo nível (distância) da tutela da educação ou, pior, por vezes têm dúvidas acerca do nome do sindicato em que estão filiados.

1 de Junho de 2011

Autor: Teófilo Braga

Fonte: Correio dos Açores

quinta-feira, maio 19, 2011

Diz não às touradas


quarta-feira, maio 18, 2011


Papéis velhos
1- A censura
Tenho a mania de coleccionar papéis, sob a forma de comunicados, de autocolantes, de cartazes, de manifestos, de folhetos, de jornais, de revistas, de brochuras e de livros. Assim, ao longo dos anos tenho acumulado uma variedade de documentos que merecia ser catalogada e disponibilizada a quem se interessar por fazer a história da nossa terra.
De entre as publicações que tenho em meu poder, destaco algumas que foram editadas, antes de 25 de Abril de 1974, por organizações opositoras ao Estado Novo.
Como algumas pessoas sabem que tenho esse interesse e que guardo religiosamente o que me chega às mãos, tenho recebido por parte de amigos muitas e valiosas ofertas.
Uma das ofertas mais singulares foi-me feita por parte de um colega de profissão, já falecido, que, antes de ter sido professor e de ter trabalhado como técnico na RTP/Açores, foi marinheiro e terá prestado serviço nas instalações da PIDE/DGS durante os primeiros dias da Revolução dos Cravos. De lá trouxe a revista quinzenal brasileira “Divulgação Marxista”, editada, no Rio de Janeiro, pela Editorial Calvino Limitada, em 1946.
No número 3 da referida revista, cuja capa está carimbada pelo Gabinete de Estudos da PIDE, existem textos do lendário opositor ao regime ditatorial do Brasil, o ex-militar e dirigente do Partido Comunista Brasileiro, Luís Carlos Prestes que foi imortalizado, por Jorge Amado, no livro “O Cavaleiro da Esperança”.
Jorge Amado que, em 1946, era deputado da bancada comunista do parlamento brasileiro, foi autor de diversos romances, entre os quais, talvez o mais conhecido, entre nós, seja “Gabriela Cravo e Canela”, cujo texto serviu de base a uma telenovela que se estreou, em Portugal, em 1977, e que foi um dos maiores sucessos da actriz brasileira Sónia Braga.

2 - O associativismo estudantil
Pesquisando os meus papéis, deparei com um conjunto de documentos relacionados com a fundação da Associação de Estudantes do Instituto Universitário dos Açores, entidade criada pelo Decreto-Lei nº 5/76, de 9 de Janeiro, a qual, em 1980, deu origem à Universidade dos Açores.
Em minha posse tenho, as primeiras actas, as propostas de estatutos, as listas candidatas, na primeira eleição, aos órgãos sociais e os boletins de voto, nas duas listas, bem como as listas de presenças nas duas reuniões gerais realizadas.
Pela leitura das actas verifica-se que as duas reuniões gerais realizaram-se numa sala cedida pelo Ateneu Comercial e que as mesmas eram bastante participadas. Na primeira reunião, realizada a 28 de Abril de 1979, estiveram presentes 124 estudantes, na segunda, realizada a 5 de Maio de 1979, o número de presentes foi de 103. Nas primeiras eleições, realizadas a 25 de Maio do mesmo ano, o número de votantes foi de 80.
Candidataram-se às eleições duas listas, a Z e a R, tendo os resultados obtidos sido: Lista R- 43 votos; Lista Z- 31 votos. Assim sendo, os primeiros órgãos sociais da Associação Académica do Instituto Universitário dos Açores tinham a seguinte composição:
Conselho Directivo: António Francisco Benjamim, Ricardo Humberto Pinheiro, Manuel Ferreira Borges, António Aurélio Pestana, Antelmo Fernando Santos, José António Contente, João Luís Soares, Vítor Manuel Duarte, Domingos Manuel Borges e Mário Euclides Pinhal.
Conselho Fiscal: Luís Dâmaso Vasconcelos, Zita Maria Correia e João Manuel Ramos.
Mesa da Assembleia: João Carlos Carreiro, José Manuel Banha, Eduardo Carvalho e Teófilo José Braga.
Consultada a página da Associação Académica da Universidade dos Açores (http://www.aaua.uac.pt/), no passado dia 4 de Maio, verifiquei que nada consta sobre a sua história. Aqui fica o meu modesto contributo, caso achem que tem algum interesse.

Autor: Teófilo Braga
18 Maio 2011
Fonte: Correio dos Açores

quarta-feira, maio 11, 2011

Botânica do dia-a-dia


1 - Ervas
Ribeira Seca de Vila Franca do Campo. Estou a escrever sentado num pedaço de terra onde, até ao dia 17 de Julho de 2010, se encontrava uma plantação de marijuana.
Não vou divulgar a minha posição sobre o consumo da referida “droga” que me parece quase generalizado e banalizado entre nós. Com efeito, se há meia dúzia de anos todos os meus alunos do 11º ano de escolaridade já haviam, pelo menos uma vez, experimentado o seu consumo, hoje, dizem-me que nesta localidade há diversas plantações, nomeadamente em antigas quintas abandonadas, sendo do conhecimento de quase todos os nomes dos cultivadores e as autoridades conhecem, muito bem, quem a vende.
Do local onde me encontro, que não terá sido escolhido por acaso pelos “novos agricultores”, tenho uma vista fabulosa sobre o litoral de Vila Franca e observo os, até agora, muito fracos resultados da minha tentativa de criar um pomar no que é, ainda hoje, uma pastagem e que foi outrora um terreno ocupado por bananeiras e laranjeiras.
Para quem inicia um projecto como o meu é desesperante ver as ervas daninhas a crescer contínua e rapidamente enquanto as nossas plantas não. Mas, desanimador e revoltante é chegar ao local e vermos que nos roubaram algumas plantas, entre as quais um jambeiro, uma camélia, folhados, castanheiros e uma nogueira ou que, pela calada da noite, nos roubaram parte da vedação e colocaram vacas e cavalos a pastar ou que puseram lá cabras e que estas devoraram as guias de todas as árvores e comeram as cascas de outras, o que na maior parte dos casos as levará à morte.
Mas, infelizmente não sou a única vítima. Há alguns dias, na localidade, foi-me dito que era uma aventura manter terras cultivadas, pois se falta mão-de-obra para semear e plantar, ela abunda aquando das colheitas que são feitas, normalmente à noite e por quem passa o dia a dormir.
Numa conversa informal entre um grupo de pessoas que já sofreram na pele a visita dos trabalhadores nocturnos, uma delas afirmou que eram às dezenas os cachos de banana que lhe retiravam e que a única alternativa que possuía era arrancar todas as bananeiras. Alguns lavradores presentes referiram que, também, lhes roubavam adubos, rações e baterias e que não apresentavam queixas às autoridades pois aos ladrões nada lhes acontecia e por temerem que os seus haveres (ordenhas e animais) fossem alvo de represálias por parte de quem eles muito bem sabem quem são.

2 - Árvores
Depois do almoço, fui visitar uma mata de criptoméria existente na margem esquerda da Ribeira Nova, tendo passado antes por uma minúscula pastagem que herdei dos meus pais, cujo “rendeiro” me expropriou pois não se digna pagar a respectiva renda.
Na mata dos caniços, assim chamada devido à presença de bambus, deparei-me com profundas alterações provocadas por alguém que decidiu ocupá-la e usar os espaços vazios para “estabular” o seu gado bovino. Para além da ocupação da mata, a mesma pessoa também decidiu fazer o mesmo no “gargalo”, faixa estreita de terreno que no tempo de meu pai era ocupado por vinha, cujas uvas eram colhidas em grande parte pelo melro-negro.
Hoje, no “gargalo” para além de um castanheiro, cujas castanhas são comidas noutras casas da localidade que não na minha, existem algumas criptomérias que têm vindo a ser roubadas ao longo dos anos.
Esta minha visita, como seria de esperar, trouxe-me à memória o dia 27 de Fevereiro de 2010, quando ao ver três pessoas a cortar uma árvore na minha propriedade lhes avisei que tal não podiam fazer e que iria comunicar o facto às autoridades. A resposta não se fez esperar: “Nunca mais apareças aqui. Vamos dar-te um tiro. Vamos destruir tudo o que estás a fazer na tua quinta”.
Depois de tentar identificar as pessoas em causa, como não tive êxito, acabei por não apresentar qualquer queixa.
Resta-me o consolo de saber que, estando tudo modernizado, desde a miséria até ao roubo, os ladrões terão a oportunidade de ler este texto.
Autor: Teófilo Braga
11 Maio 2011

Fonte: Correio dos Açores

terça-feira, maio 10, 2011


Ecologista Teófilo Braga defendeu mestrado na Universidade dos Açores: Falta de cultura cívica é responsável pela pouca participação social e política dos açorianos


A debilidade do sistema político e a falta de disponibilidade pessoal surgem em segundo e terceiro lugares entre as razões apontadas para o afastamento dos açorianos dos movimentos cívicos e da participação na política do arquipélago.

A ‘falta de cultura cívica’ é a principal razão da baixa participação social e política da esmagadora maioria dos açorianos, além da ‘debilidade do sistema político’ e da falta de disponibilidade pessoal. Esta é uma das conclusões do mestrado em ‘Educação Ambiental – Associativismo, participação e Consciência Ambiental’ defendida por Teófilo José Soares Braga na Universidade dos Açores.
Este trabalho, do conhecido ecologista açoriano Teófilo Braga – colaborador permanente do ‘Correio dos Açores’ - teve por objectivo principal tentar compreender melhor a participação social e política, as atitudes e os comportamentos ambientais de dois grupos de açorianos, os que pertencem e os que não são membros de uma OEA- Organização Ambiental, Ecologista ou Associação de Protecção de Animais e do Património.
Há muitos pontos comuns entre os membros e não membros de uma organização ecologista no que diz respeito às diversas formas de participação na vida social e política dos Açores. Com efeito, embora a participação dos que estão na organização ambiental seja globalmente maior, com excepção do recurso à greve, as formas de participação mais assumidas são passivas, isto é: Votar em eleições, manter-se informado sobre questões sociais e políticas e subscrever abaixo-assinados. Entre as participações menos práticas estão a pertença a um partido político e contactar jornais, rádios ou televisões para dar a sua opinião, fazer reclamações e denúncias.
Fica claro no mestrado de Teófilo Braga que a pertença a uma organização ecologista é um factor de diferenciação relativamente às formas de participar na vida social e política. Ficou demonstrado que “é mais frequente encontrar entre os membros de uma organização ecologista quem faça donativos a instituições, pertença a associações profissionais, participe em discussões públicas, se mantenha informado sobre questões sociais e políticas, contacte instituições ou serviços, contacte jornais, rádios ou televisões, pertença a um sindicato, pertença a associações cívicas, subscreva abaixo-assinados e vote em eleições”.
Para a sua concretização do estudo, foi elaborado um inquérito por questionário constituído por três partes: Na primeira, procurou-se conhecer melhor a participação política e social; na segunda, as atitudes e práticas ambientais; e, na terceira, as características sócio-demográficas e os posicionamentos sociais. O questionário foi respondido por 113 membros de uma Organização Ambiental Ecologista e 117 não membros e leva a alguns conclusões que se podem generalizar à sociedade açoriana.
Em geral, verificou-se que a pertença ou não a uma Organização Ambiental Ecologista nos Açores é um factor diferenciador da participação cívica, das atitudes e dos comportamentos dos cidadãos. Isto é, esta tese de mestrado de Teófilo Braga leva à conclusão de que a pertença a uma organização ambiental está relacionada com uma maior participação e com atitudes e comportamentos pro-ambientais.
Ao nível do voluntariado ambiental a principal razão apontada pelos inquiridos para ser voluntário foi a auto-realização; a segunda, o impacto social; a terceira a solidariedade e em último lugar as experiências em grupo.
O mestrado define o perfil dos açorianos que mais participam na vida social e política e os que mais apresentam atitudes e comportamentos pro-ambientais: Eles têm idade igual ou superior a 30 anos. São homens, casados ou que vivem em união de facto. Têm como grau de escolaridade o ensino superior, exercem a profissão a tempo inteiro e os que trabalham 45 e mais horas. Têm uma profissão ligada ao ensino, estão posicionados do centro-esquerda à extrema-esquerda, e não seguem nenhuma religião.
Em termos de participação cívica, os membros de uma organização ecologista têm “valores de pertença mais elevados” em Associações Recreativas, Culturais ou Educativas”, seguido de Clubes Desportivos ou Clubes de Actividades ao Ar Livre e, em terceiro lugar, a um sindicato. Estes inquiridos participam menos na Organização de Pensionistas ou Reformados, na Associação de Moradores ou Associação de Desenvolvimento Local.
Já os inquiridos que não são membros de organizações ecologistas optam mais por um Clube Desportivo ou Clube de Actividades ao Ar Livre, por sindicatos e associações do tipo “Associação de Juventude” (ex: Escuteiros, Clubes de Jovens). Em contrapartida, não fazem parte de uma Organização de Defesa dos Direitos Humanos, Pacifista ou Feminista e um número muito residual pertence a uma organização do tipo Associação de Moradores ou Associação de Desenvolvimento Local.
Chegou-se à conclusão que é mais frequente encontrar entre os membros de uma organização ecologista quem, também, pertença ao seguinte tipo de associações: “Clube Desportivo ou Clube de Actividades ao Ar Livre”, “Organização de Defesa dos Direitos Humanos, Pacifista ou Feminista”, “Organização de Solidariedade Social (apoio a idosos, deficientes, crianças, doentes, etc.)”, “Associação Recreativa, Cultural ou Educativa”, “Partido Político”, “Sindicato”, “Organização Socioprofissional”, “Associação de Consumidores ou de Automobilistas” e “Associação de Pais”.

Membros de organizações
ecologístas participam mais

Fica também demonstrado no estudo que é diferente o tipo de relação que membros e ‘não membros’ de uma organização ecologista mantêm com as associações de que fazem parte. Isto porque os membros são os que mais se envolvem nas suas associações. “É mais frequente” encontrá-los entre os que entre os que doem dinheiro, subscrevem abaixo – assinados, participem em reuniões/sessões públicas e manifestações e denuncie situações “irregulares”.
O mestrado chega também a conclusões óbvias: Os membros de uma organização ecologista participam mais nas questões ambientais (nos últimos cinco anos) do que os não membros.
As três formas de participação mais praticadas por todos os inquiridos foram: “Assinou uma petição/abaixo-assinado relacionada com uma questão ambiental”; “comprou deliberadamente certos produtos por razões éticas, políticas ou ambientais”; e “não adquiriu certos produtos de consumo por razões éticas, políticas ou ambientais (porque são produzidos por crianças, utilizam animais na sua experimentação, etc.)”. A assinatura de uma petição foi a mais praticada por todos.
Relativamente às formas menos praticadas, foram os membros de uma organização ecologista quem mais “participou numa manifestação sobre uma questão ambiental” e “contactou jornais, rádios ou televisões”. Já os não membros da organização ecologista apresentam como forma de participação que menos praticam a de dar dinheiro a uma associação ambientalista e o envolvimento numa manifestação sobre uma questão ambiental.
Assim, conclui o estudo, é mais frequente encontrar entre os membros de uma Organização Ambiental Ecologista quem assinou uma petição/abaixo-assinado relacionada com uma questão ambiental; deu dinheiro a uma associação ambientalista; participou numa manifestação sobre uma questão ambiental; fez uma reclamação; uma denúncia ou apresentou uma sugestão junto das entidades responsáveis pelo ambiente (governo ou autarquias); contactou jornais, rádios ou televisões (dar a sua opinião, fazer reclamações e denúncias sobre questões ambientais); comprou deliberadamente certos produtos por razões éticas, políticas ou ambientais e não adquiriu certos produtos de consumo por razões éticas, políticas ou ambientais (porque são produzidos por crianças, utilizam animais na sua experimentação, etc.).

Quem é voluntário na defesa
do ambiente açoriano?

O estudo identificou também o perfil do voluntariado ambiental nos Açores: É exercido essencialmente por homens, com idade igual ou superior a 30 anos, casados ou vivendo em união de facto, com habilitação de nível superior, que exercem a profissão a tempo inteiro, a maioria exercendo uma profissão incluída no grupo dos especialistas, que se posicionam à esquerda (do centro esquerda à extrema-esquerda) e que professam uma religião, mas não são praticantes, que trabalham como voluntários há mais de seis anos e que dedicam, ao voluntariado, em média, até 300 horas anuais. Contudo, apenas houve relações estatisticamente significativa entre o ser voluntário e o posicionamento político.
Em relação ao tempo de permanência no voluntariado, verificou-se que é mais frequente encontrar quem seja voluntário há dez ou mais anos, entre os casados e os que vivem em união de facto e os que têm uma profissão ligada ao ensino.
A principal razão apontada para a realização do trabalho voluntário foi a auto-realização; a segunda, o impacto social; a terceira a solidariedade; e, em último lugar, as experiências em grupo.
Os incentivos que mais satisfazem os voluntários são os relacionados com a participação em outras actividades da organização, descontos e/ou ofertas de publicações, o aparecimento do nome em publicações e a participação em conferências.
Foram detectadas algumas diferenças entre as respostas dos membros e ‘não membros’ de uma Organização Ambiental Ecologista no que diz respeito à confiança na ciência e ao seu papel no mundo de hoje. Assim, é ligeiramente maior a percentagem dos ‘não membros’ que concorda ou concorda totalmente com a afirmação: “Confiamos demasiado na ciência e não o suficiente na fé e nos sentimentos”.
Embora seja um pequeno número, é entre os ‘não membros’ em organizações ecologistas que estão os que concordam ou concordam totalmente com a afirmação “de um modo geral, a ciência moderna causa mais prejuízos do que benefícios”.
Por último, embora seja maior o número dos que acham que não é possível resolver os problemas ambientais apenas recorrendo à ciência, é maior o número dos ‘não membros’ que concorda ou concorda totalmente com a capacidade da “ciência moderna resolver os problemas ambientais alterando pouco o nosso estilo de vida”.

Resíduos sólidos urbanos “é a ameaça
ambiental mais perigosa...”

Foram identificadas diferenças entre a posição dos membros e ‘não membros’ de uma organização ecologista relativamente às ameaças ambientais. Assim, para os membros a principal ameaça é a elevada a produção per capita de resíduos sólidos urbanos associada ao “inadequado tratamento e destino final”, para os segundos é o aumento da temperatura do Planeta causado pelo efeito de estufa. A ameaça menos “escolhida” foi a presença nos Açores de espécies (de fauna e de flora) exóticas. Enquanto a maioria dos membros de organizações ecológicas considera as espécies exóticas “extremamente perigosa ou muito perigosa para o ambiente”, há um número significativo (aproximadamente 1/3) dos ‘não membros’ que a considera pouco ou nada perigosa para o ambiente.
O estudo leva, por fim, à conclusão que é mais frequente encontrar entre os membros de uma organização ecológica quem considere “extremamente perigosa ou muito perigosa, para o ambiente dos Açores, as alterações do uso do solo (arroteias para a criação de pastagens intensivas, etc.); os pesticidas e adubos químicos usados na agricultura; a presença nos Açores de espécies (de fauna e de flora) exóticas, algumas delas invasoras; e a elevada produção per capita de resíduos sólidos urbanos associada ao” inadequado tratamento e destino final.” Ficaram de fora o uso de combustíveis fósseis e o aumento da temperatura do Planeta causado pelo efeito de estufa, “possivelmente por se tratar de assuntos, relacionados entre si, a que a comunicação social tem dado muita ênfase nos últimos tempos”.
Para todos os inquiridos, são os Centros de Investigação das Universidades, seguidos dos grupos ambientais as fontes de informação sobre questões ambientais que “merecem mais confiança”. No pólo oposto, situam-se as empresas e indústrias e os serviços governamentais em que aquela é muito reduzida.
Há coincidência nas acções que poderiam contribuir com mais eficácia para a resolução dos problemas ambientais, tanto nas mais escolhidas como nas menos escolhidas. Assim, para os inquiridos, as acções mais escolhidas foram “aumentar a consciência ambiental”, em primeiro lugar; “fazer cumprir/reforçar a legislação ambiental”, em segundo lugar; e “fazer com que a legislação Nacional e da União Europeia seja mais rigorosa, aplicando multas aos prevaricadores”, em terceiro lugar. Quanto às menos escolhidas, foram “confiar nas iniciativas desenvolvidas pelas indústrias, pelos agricultores, etc.” e “fazer com que todos paguem mais tanto nos impostos como nos preços, etc., para cobrir os custos ambientais”.
Estas opções podem querer dizer que todos os respondentes acreditam mais na acção das pessoas (alteração dos comportamentos individuais) para proteger o ambiente do que nas instituições ou em “imposições” vindas do “exterior”.
Entre as diferentes acções que poderiam contribuir mais eficazmente para a resolução dos problemas ambientais, apenas os ‘não membros’ em organizações ambientais ecológicas escolheram confiar nas iniciativas desenvolvidas pelas indústrias e agricultores.

Autor: João Paz
08 Maio 2011
Fonte: Correio dos Açores

domingo, maio 08, 2011

Visita à Quinta da Torre


sexta-feira, maio 06, 2011

Manifestação de professores, 6 de Maio de 2011


Veja mais fotos clicando aqui.
Sindicato de professores quer "negociação de facto" com o governo regional
Regional | 2011-05-06 18:22

O Sindicato Democrático dos Professores dos Açores (SDPA) entregou na presidência do Governo Regional uma moção que pretende "sensibilizar" o presidente do executivo para a necessidade de "uma negociação de facto" sobre o Estatuto da Carreira Docente.
“Queremos sensibilizar o presidente do Governo Regional para que haja uma real negociação e não seja apenas um pró-forma como está a ser”, afirmou Sofia Ribeiro, presidente do SDPA, à margem de um plenário de docentes.

Sofia Ribeiro revelou que a moção que será aprovada no plenário vai ser entregue durante a tarde, acrescentando é idêntica à que já foi aprovada por cerca de 250 professores nas ilhas de Santa Maria, Pico, Graciosa, Flores e Faial.

“O documento diz que os professores rejeitam esta proposta de Estatuto da Carreira Docente”, frisou a dirigente sindical, salientando que estão em causa questões como os concursos, a avaliação e os horários.

A presidente do SDPA sublinhou que o Estatuto da Carreira Docente “é um diploma muito abrangente, com várias áreas, que contemplam os tempos de trabalho, os deveres dos professores, a forma como a carreira se desenvolve e a própria avaliação do desempenho”.
Lusa/AO online

segunda-feira, abril 25, 2011

25 de Abril


sexta-feira, abril 22, 2011

O Jovem Anarquista João Anglin

quinta-feira, abril 14, 2011

Empreendorismo na Canada do Peixe Assado




Nestas imagens de ontem podemos ver um mini-mercado e um bar não esquecendo a mesa de matraquilhos.

quinta-feira, março 31, 2011

EM PASE

Este ano não se realiza a PASE de Ciências da Natureza e de Física e Química do 9º ano.

Este ano só se realizarão as PASE de Português e Matemática; para o ano já não há PASE nenhuma. Em defesa da autonomia regional todos os alunos farão os exames a nível nacional.

A avaliação de professores tal como está é para continuar este ano, para o ano que vem logo se vê.

Agradecemos ao governo, à maioria dos partidos políticos e a um sindicato que acham que os professores precisam é de mais burocracia e menos tempo para os alunos. São todos nossos amigos (da onça).