terça-feira, agosto 26, 2008

PORTUGAL POVO DE SUICIDAS


"Portugal é um povo triste,é é-o até quando sorri. A sua literatura, incluindo a sua litera´tura cómica e jocosa, é uma literatura triste.

Portugal é um povo de suicidas,talvez povo suicida. A vida não tem para ele sentido transcendente. Desejam talvez viver, sim, mas para quê? Mais vale não viver"

Miguel de Unamuno

Editado pela Livraria Letra Livre poderá ser encomendado aqui.

O Sporting e as Touradas

POR FAVOR, ENVIE A SUA MENSAGEM DE PROTESTO CONTRA A "TOURADA DO SPORTING CLUBE DE PORTUGAL" QUE TERÁ LUGAR ESTA 5.ª FEIRA, 28 DE AGOSTO, NA ABOMINÁVEL PRAÇA DE TOUROS DO CAMPO PEQUENO

POR FAVOR, ENVIE A MENSAGEM ABAIXO SUGERIDA – OU ESCREVA A SUA PRÓPRIA MENSAGEM, SE PREFERIR – PARA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, PROTESTANDO CONTRA ESTA BARBARIDADE QUE ESTE CLUBE DE FUTEBOL IRÁ PROMOVER NO CAMPO PEQUENO. ENVIE A SUA MENSAGEM PARA SERVICO.SOCIO@SCP.PT; COM CONHECIMENTO (CC) A CAMPANHAS@ANIMAL.ORG.PT.

Mensagem Sugerida

Exm.os Senhores,

Venho repudiar, da forma mais firme e convicta possível, o facto do Sporting Clube de Portugal vir, novamente, organizar um espectáculo cobarde, degradante e indecente de violência contra animais como é o caso da "tourada do Sporting" que acontecerá no Campo Pequeno esta 5.ª feira, 28 de Agosto.

Não posso conceber por que razão haveria um clube de futebol de se envolver com touradas. São actividades completamente distantes uma da outra – sendo de destacar que o Sporting Clube de Portugal, como qualquer outra entidade, só deveria querer manter essa distância, dada a natureza profundamente imoral e a todos os títulos censurável do espectáculo tauromáquico enquanto expressão da agressividade, da crueldade e da tirania que os humanos exercem contra os outros animais.

Numa altura em que a maioria absoluta dos portugueses cada vez mais afirma a sua vontade de ver as touradas passarem à história e em que várias empresas se distanciaram das touradas por não quererem estar associadas a estes espectáculos vergonhosos, é particularmente grave ver o SCP a continuar a colocar-se do lado do obscurantismo e da violência gratuita que a tauromaquia representa.

Se até já um tribunal considerou as touradas espectáculos violentos, que consistem na inflicção de sofrimento cruel e prolongado a animais e que, por isso, são inadequados para crianças e adolescentes, podendo insensibilizá-las quanto ao sofrimento dos outros e habituá-las à violência, como pode uma instituição desportiva vir associar-se a esta actividade horrenda?

Deixando a V. Ex.as a certeza de que, tanto para mim quanto para tantas pessoas quantas consiga informar acerca desta vergonha, o SCP perdeu a sua respeitabilidade,

Apresento os meus cumprimentos,

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segunda-feira, agosto 25, 2008

Terceirense Rei da Ericeira


(Clicar para ver em tamanho maior)

sexta-feira, agosto 22, 2008

SEM-ABRIGO


(Foto tirada em Lisboa, na Avenida Praia da Vitória, no dia 20 de Agosto de 2008)


Que culpa tenho eu

deste tempo cruel?

Que culpa tenho eu,

se luto contra ele?

Que culpa tenho eu?

De que sou, então, réu?

Eu da glória desdenho.

Eu do luxo desdenho

Eu do mundo desdenho.

Que culpa tenho eu?

Alguma culpa tenho.

(Poema de Armindo Rodrigues)

sábado, agosto 09, 2008



RECORDANDO HUMBERTO FURTADO COSTA

(Na foto da esquerda para a direita: Teófilo Braga, Humberto Furtado Costa,Lúcia Ventura, Clarisse Canha e Luís Botelho)

NOTA- Como forma de lembrar o amigo que partiu a 20 de Agosto de 1989, reproduzo abaixo carta que lhe remeti na altura.



Carta aberta ao Amigo da Terra Humberto Furtado Costa

Caro amigo,
Escrevo-te porque, apesar de «teres partido», sei que gostas de andar a par com o que se vai passando por cá.
A política agrícola regional não se alterou muito desde a altura em que escreveste no Açoreano Oriental (25/3/87) um artigo a propósito do Dia da Árvore. Continuamos a ter um Secretário da Pecuária e das Touradas e a agricultura não há maneira de deixar de ser apenas «vacas e erva». Continua-se a arrotear a torto e a direito, até parece que querem transformar estas ilhas em campos de futebol, em locais sem a mínima aptidão para a pastagem. O Pico da Água está, neste momento, a ser arredondado com uma «catarpiller», depois de terem cortado a mata e largado (?) fogo aos troncos e lenha que lá ficou. Coitados dos bombeiros que têm de acudir a tanto fogo posto! Será mais um arroteamento para daqui a alguns anos estar coberto de silvado, como muitos outros que bem conheces na zona do Monte Escuro e noutros locais.

Já andavas bastante doente quando surgiu mais um problema para os nossos agricultores. «Proíbe-se» o vinho de cheiro, fala-se em outras castas e em apoios à reconversão das vinhas, mas de concreto só palavras. Penso que estás de acordo comigo, o vinho de cheiro é mais prejudicial à saúde do que o outro, mas tenho as minhas dúvidas se relativamente ao vinho a martelo que por aí se vende. Como se diz na minha terra, Vila Franca do Campo, proíbe-se o nosso vinho mas continua-se a deixar entrar o que é feito com pós e água do Rio Tejo. Enfim, mais um problema a juntar a tantos outros…
Infelizmente para todos nós, o artigo que escreveste continua a ser actual no que diz respeito às Reservas Naturais. Estas continuam a ser apenas no papel. Na Reserva Natural da Lagoa do Fogo prosseguem os incêndios e a rapina de leivas, apesar deste ano já termos alertado a Secretaria Regional do Turismo e Ambiente por mais de uma vez. Está quase como a Serra Devassa que continua a ser devassada diariamente.

Sabias que já corre pelas cabeças de alguns iluminados cá da terra «recuperar» o que a PEPOM destruiu através da plantação de eucaliptos? Esta nem lembraria ao diabo! A propósito de eucaliptos, sabias que as empresas de celulose já cá estão prontas a tudo comprar, inclusive homens para procederem a plantações em locais menos próprios e que no Pico já compraram terrenos no valor de um milhão de contos? Não te cheguei a enviar a legislação que disciplina a plantação de espécies de crescimento rápido. Não me parece má, mas é como as outras: permite algumas fugas e tem de ser aplicada – não acredito que o seja enquanto não for criado um sistema de vigilância eficaz.
Por último, peço desculpa por discordar do que me disseste em Outubro passado, antes de partires para Lisboa, para te submeteres a uma intervenção cirúrgica. Na altura, dizias-me que nunca mais irias passear connosco, que nunca mais subirias o Pico da Vara. É verdade que a tua viagem não tem regresso, mas podes estar certo, estarás sempre connosco em todas as regiões, visitas de estudo e escaladas ao Pico da Vara.

Até breve,


Publicado no “Correio dos Açores”, 26 de Agosto de 1989

quarta-feira, agosto 06, 2008

NUCLEAR, NEM CIVIL NEM MILITAR



No dia em que se assinalam 63 anos sobre a explosão da primeira bomba atómica em Hiroxima, a 6 de Agosto de 1945, matando 140 mil pessoas, Dsisaku Ikeda, presidente de uma das organizações pacifistas mais influentes do Japão, a rede Soka Gakkai Internacional, defende o objectivo de um mundo livre de armas nucleares. A existência de arsenais nucleares, diz, apenas intensifica a desconfiança mútua, aumenta as tensões e as ameaças à segurança nacional nas relações entre os Estados.

Por Thalif Deen, de Nova York para a IPS




Dsisaku Ikeda, presidente de uma das organizações pacifistas mais influentes do Japão, assegura que "para reviver e dar nova energia aos esforços em prol do desarmamento nuclear é preciso desafiar o conceito de que as armas atómicas são um mal necessário". A rede não-governamental Soka Gakkai Internacional, com sede em Tóquio e mais de 12 milhões de membro em 190 países, está a intensificar os esforços para conseguir o objectivo de um mundo livre de armas nucleares. "Devemos lembrar às pessoas que, embora actualmente não estejam a ser usadas, essas armas representam um enorme custo de recursos financeiros, tecnológicos e humanos que consomem para o seu desenvolvimento e manutenção", disse Ikeda, que também, além de activista pela paz, também é filósofo budista.

A intensificação da campanha coincide com o aniversário do lançamento de duas bombas atómicas sobre o Japão pelos Estados Unidos. A primeira atingiu a cidade de Hiroxima no dia 6 de Agosto de 1945, marcando o começo do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Uma segunda bomba foi lançada sobre Nagasaki no dia 9 desse mesmo mês. O Japão rendeu-se no dia 15. Um ano depois, 140 mil pessoas tinham morrido em consequência dessas explosões nucleares.

O Japão, em aliança com a Alemanha nazi e a Itália fascista, entrou na guerra em 1941, como correlato da sua política expansionista, que já o levara a invadir a China em 1937. O presidente da câmara de Hiroxima, Tadatoshi Akiba, disse que essa cidade é uma peça-chave na campanha que busca eliminar as armas nucleares até 2020, da qual participa junto com o grupo "Presidentes de câmara pela paz".

Em entrevista à IPS, Dsisaku Ikeda disse que os habitantes de Hiroxima e Nagasaki não deixaram de elevar as suas vozes para lembrar ao mundo a ameaça que representam as armas nucleares.

Até que ponto o governo do Japão apoia esta campanha? Que impacto pode ter esta iniciativa sobre o desarmamento nuclear, quanto todas as anteriores não tiveram sucesso?

A falta de vontade das potências nucleares é um ponto-chave que impede o desarmamento. Mas, ao mesmo tempo, creio que a falta de interesses, a inexistência de um sentido de urgência entre os cidadãos do mundo é outro factor fundamental. Acredito que esta campanha é fruto do poderoso e irrefreável sentido de responsabilidade que experimentam as vítimas dos bombardeamentos atómicos em relação às futuras gerações. Na cimeira de Julho de Grupo dos Oito países mais poderosos foi divulgada uma declaração fazendo referências específicas à necessidade de chegar ao desarmamento nuclear.

Foi o primeiro pronunciamento desse tipo do G-8 que inclui Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia. Como país anfitrião desse encontro, o Japão tem uma responsabilidade especial quanto ao desarmamento nuclear. Devemos reviver um estado de consciência, que nasce do senso comum, sobre a irracionalidade da opção pelas armas nucleares, e para conseguir isto é fundamental que os cidadãos comuns continuem a expressar a sua oposição através de instrumentos como esta campanha.

Qual é sua reacção diante dos cépticos que dizem que o desarmamento é uma meta inalcançável, considerando que o mundo aceitou nas últimas três décadas a entrada no "clube atómico" de três novos membros, como Índia, Israel e Paquistão?

A tentação de baixar os braços certamente existe. Mas, não podemos dar-nos a esse luxo, porque a presente situação é insustentável. Se pensarmos sobre o assunto, fica claro que a posse de armas nucleares apenas intensifica a desconfiança mútua e as suspeitas. Aumentam as tensões e as ameaças à segurança nacional nas relações entre os Estados. Ao mesmo tempo, é impossível imaginar que as armas nucleares sirvam como dissuasão para os grupos terroristas.

Por certo, confiar nelas para alcançar objectivos de segurança no mundo de hoje é, no mínimo, uma proposta duvidosa. Devemos focar o tema do ponto de vista que pode ser chamado de "novo realismo". Pensemos nos países que estavam a desenvolver, ou já possuíam, armas atómicas, mas abandonaram-nas porque decidiram que tê-las não ajudava aos seus interesses de segurança nacional. Brasil, Argentina, Bielorússia, Cazaquistão, Líbia, África do Sul e Ucrânia optaram por este caminho. Baseados em acordos de segurança regional, deram-se conta de que podiam atingir seus objectivos sem depender das armas nucleares.

A única defesa total é a sua eliminação e a segurança de que nunca voltarão a ser produzidas. Devemos garantir que todos os materiais passíveis de fissão que podem ser usados para fabricá-las sejam rigidamente controlados, em condições confiáveis. Isto não só promoverá a segurança nacional como, também, a da humanidade. Abolir os arsenais atómicos é a alternativa mais realista que temos.

Acredita que as cinco maiores potencias nucleares (Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e China) têm autoridade moral para pedir o desarmamento ou a não-proliferação, quando elas próprias se negam a desmantelar os seus arsenais?

Já há muito tempo se diz que cabe a elas a principal responsabilidade. Esta é a razão pela qual continuo a reclamar o reinício das paralisadas negociações sobre desarmamento entre Estados Unidos e Rússia. E é também a razão pela qual exorto esses cinco países a desenvolverem um contexto internacional com uma data limite obrigatória para chegar ao desarmamento nuclear. Em 2010 haverá uma conferência internacional para rever o Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares. É preciso voltar ao seu espírito original: evitar o perigo da guerra atómica e salvaguardar a segurança dos povos. Deve-se encontrar um caminho para promover a não-proliferação e o desarmamento, para ajudar as nações a libertarem-se da dependência a respeito das armas nucleares.

Em Setembro de 1981, Israel bombardeou uma suposta instalação nuclear no Iraque e em Setembro do ano passado lançou um ataque semelhante contra uma instalação na Síria. Israel tem o direito moral para agir desta forma, violando soberanias nacionais e possuindo armas nucleares?

Os povos de todas as nações têm o direito de viver em paz e segurança. E cada país deve perseguir esse objectivo através de meios pacíficos. O uso da força militar nunca produz verdadeira estabilidade. A força cria novos círculos de ódio e ressentimento, deixando um legado negativo para todas as partes. As faíscas do conflito não podem ser extintas com mais fogo. É preciso água. Em lugar de chamas do ódio, necessitamos de uma torrente de diálogo. É a melhor forma de apagar o incêndio.
(Extraído de Esquerda Net)