domingo, janeiro 18, 2009

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Sócrates, o Engenheiro
Amigos dos Açores alertam para falta de cultura ambiental


A Associação Ecológica Amigos dos Açores, que celebra 25 anos em 2009, alertou hoje para a falta de cultura ambiental no arquipélago, embora reconheça que os açorianos estão mais informados sobre esta temática.


"Em termos gerais há um défice de cultura ambiental nos Açores", afirmou à agência Lusa o presidente da associação ecológica, Sérgio Caetano, para quem é urgente que os açorianos passem da teoria à prática com pequenos gestos no dia-a-dia.

Apesar de reconhecer que os açorianos estão cada vez mais informados e sensibilizados para a temática ambiental, Sérgio Caetano considerou, no entanto, que falta tornar o dia-a-dia nas ilhas "mais ecológico e ambientalmente eficiente".

Segundo o geólogo, é com pequenos gestos que se atinge grandes efeitos, apontando como exemplos a separação de resíduos sólidos e a poupança de água, electricidade e gás que cada um pode fazer.

"Haverá certamente alguma preguiça por parte das pessoas nos gestos diários", considerou o presidente da associação, que hoje divulgou o seu plano de actividades para 2009.

A associação foi criada em Outubro de 1989 com o objectivo de defender e valorizar o ambiente, assim como preservar a conservação da natureza através de actividades de cariz cultural, pedagógico, científico, desportivo e recreativo.

Durante este ano os Amigos dos Açores vão realizar visitas de estudo a cavidades vulcânicas na ilha de São Miguel, a áreas protegidas e dar continuidade aos passeios pedestres mensais para sócios, com o intuito de desenvolver "um sentido crítico, atrás da observação directa".

Visitas a escolas para acções de sensibilização, exposições fotográficas e alertas à população para problemas ambientais na orla costeira são outras das actividades programadas para os próximos meses.

Quanto às comemorações das bodas de prata desta associação de utilidade pública, Sérgio Caetano adiantou que estão a ser planeadas várias ideias e escolhidas as melhores datas.

Com mais de mil sócios, a associação gostaria de contar com uma mobilização maior de voluntários para as suas actividades.

Açoriano Oriental, 6 de Janeiro de 2009

terça-feira, janeiro 06, 2009

20 teses contra o capitalismo verde


29-Dez-2008
Tadzio Mueller e Alexis Passadakis
1 – A actual crise económica mundial marca o fim da fase neoliberal do capitalismo. O “business as usual” (financiarização, desregulação, privatização...) já não é uma opção: novos espaços de acumulação e tipos de regulação política terão de ser encontrados pelos governos e pelas corporações para aguentar o capitalismo.
2 – Além das crises económica, política e energética, existe outra crise a abalar o mundo: a biocrise, resultado de um desencontro suicida entre o sistema de apoio à vida ecológico que garante a sobrevivência humana e a necessidade do capital de crescimento constante.
3 – A biocrise é um perigo imenso para a nossa sobrevivência colectiva, mas como todas as crises também apresenta a nós, movimentos sociais, com uma oportunidade histórica: atacar a jugular exposta do capitalismo, a sua necessidade de crescimento incessante, destrutivo, louco.
4 – Das propostas que emergiram das elites globais, a única que promete resolver todas estas crises é o “New Deal Verde”. Não se trata do capitalismo catita 1.0 da agricultura biológica e das turbinas eólicas urbanas, mas antes de uma proposta para uma fase “verde” do capitalismo que procura gerar lucros da modernização ecológica de determinadas áreas de produção (automóveis, energia, etc.).
5 – O capitalismo verde 2.0 não pode resolver a biocrise (alterações climáticas e outros problemas ecológicos como a redução perigosa da biodiversidade) mas antes tenta lucrar com ela. Não altera portanto de forma fundamental a rota de colisão na qual qualquer economia de mercado coloca a humanidade na biosfera.
6 – Não estamos nos anos 1930. Na altura, sob a pressão de poderosos movimentos sociais, o “New Deal” redistribuiu poder e riqueza no sentido descendente. O “New New” e o “New Deal Verde” discutidos por Obama, partidos verdes em todo o mundo e mesmo algumas multinacionais visa promover a riqueza das corporações, não das pessoas.
7 – O capitalismo verde não irá desafiar o poder daqueles que actualmente emitem mais gases com efeito de estufa – as empresas produtoras de energia, companhias aéreas, fabricantes de automóveis, a agricultura industrial – antes irá simplesmente dar-lhes mais dinheiro para manter as suas taxas de lucro realizando pequenas mudanças ecológicas que serão insuficientes e tardias.
8 – Dado que globalmente os trabalhadores têm perdido o seu poder para negociar e exigir direitos e salários decentes, num sistema de capitalismo verde, os salários irão estagnar ou até declinar para anular os custos crescentes da “modernização ecológica”.
9 – O Estado no capitalismo verde será um Estado autoritário. Justificado pela ameaça da crise ecológica, vai “gerir” a revolta social que surgirá necessariamente do empobrecimento que assenta no aumento do custo de vida (alimentação, energia, etc.) e na diminuição dos salários.
10 – No capitalismo verde, os pobres terão de ser excluídos do consumo, arrastados para as margens, enquanto os mais ricos vão poder “anular” o seu comportamento cada vez mais destrutivo ambientalmente consumindo e salvando o planeta ao mesmo tempo.
11 – Um estado autoritário, grandes desigualdades sociais, riqueza dada às corporações: do ponto de vista da emancipação social e ecológica, o capitalismo verde será um desastre do qual nunca poderemos recuperar. Hoje, temos uma oportunidade de ir além da loucura suicida do crescimento constante. Amanhã, no momento em que todos nos tivermos habituado ao novo regime verde, essa oportunidade pode ter sido desperdiçada.
12 – No capitalismo verde, existe o perigo de que os grupos ambientalistas mainstream e institucionalizados cumpram o papel que os sindicatos cumpriram na era fordista: actuando como válvulas de segurança que asseguram que as exigências para a mudança social e a nossa revolta colectiva permaneçam nas fronteiras traçadas pelas necessidades do capital e dos governos.
13 – Albert Einstein definiu insanidade como “fazer a mesma coisa vezes e vezes sem conta esperando diferentes resultados”. Na década passada, apesar de Quioto, não só a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera aumentou mas também aumentou a taxa de crescimento. Queremos simplesmente mais do mesmo? Não seria isso uma loucura?
14 – Os tratados internacionais climáticos promovem falsas soluções que frequentemente abordam mais a segurança energética que as alterações climáticas. Longe de resolver a crise, o comércio de emissões, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, a Implementação Conjunta e os “offsets” oferecem um escudo político para a produção continuada de gases de efeito de estufa com impunidade.
15 – Para muitas comunidades no Sul, estas falsas soluções (agrocombustíveis, “desertos verdes”, projectos MDL) são agora uma maior ameaça que o aquecimento global.
16 – As verdadeiras soluções para a crise climática não serão concebidas por governos ou corporações. Podem apenas emergir de baixo, de movimentos sociais pela justiça climática trabalhando numa rede global.
17 – Estas soluções incluem: a rejeição do livre comércio, da privatização e dos mecanismos de flexibilidade. Sim à soberania alimentar, sim ao decrescimento, sim à democracia radical e a deixar os recursos no subsolo.
18 – Como um movimento global pela justiça climática emergente, devemos lutar contra dois inimigos: de um lado as alterações climáticas e o capitalismo fóssil que as causa e do outro um capitalismo verde emergente que não as irá travar mas irá antes limitar a nossa capacidade para o fazer.
19 – Como é claro, alterações climáticas e comércio livre não são a mesma coisa mas o protocolo de Copenhaga será uma instância de regulação central do capitalismo verde tal como a OMC foi central para o capitalismo neoliberal. Então como nos relacionamos com ele? O grupo dinamarquês KlimaX argumenta: um bom acordo é melhor que nenhum acordo – mas nenhum acordo é bem melhor que um mau acordo.
20 – A probabilidade de que os governos consigam um “bom acordo” em Copenhaga é nula ou quase nula. O nosso objectivo deve ser portanto o de exigir um acordo em torno de soluções reais. Esqueçamos Quioto e acabemos com Copenhaga!

Alexis é um membro do Concelho Coordenador da ATTAC alemã. Tadzio faz parte do colectivo editorial Turbulence (www.turbulence.org.uk). Ambos estão activos no emergente movimento pela justiça climática e podem se contactados em againstgreencapitalism (at) googlemail.com
Tradução: Ricardo Coelho

Retirado daqui: http://www.ecoblogue.net/index.php?option=com_content&task=view&id=2864&Itemid=41

segunda-feira, janeiro 05, 2009


Declaração Sobre Gaza

A existência de um morticínio, aqui à nossa porta, em Gaza, é um sinal da barbárie instalada. Recusamos a chamar a isso «acção de guerra»; a acção punitiva de Israel é uma violação das convenções de Genebra e dos mais elementares direitos humanitários, inserindo-se na actuação genocida de que os palestinianos têm sido vítimas. De facto,

O ataque a populações civis tem sido efectuado continuamente Os civis são impedidos de sair da zona por um cerco continuado que dura desde que o Hamas teve a maioria em 2006 (não só em Gaza, em todo os Territórios palestinianos, com 70% dos votos) Os civis são sujeitos a uma contínua e planeada escassez de alimentos, água potável, energia, medicamentos, etc., intensificada nesta ocasião pelos israelitas.
Os ataques são motivados pelo desejo de eliminação física de inimigos políticos, sendo os alvos declarados figuras políticas do movimento Hamas e da restante resistência palestiniana.
As acções de guerra de Israel são muito mais do que actos de retaliação pelos foguetes disparados a partir de Gaza, não só pela sua desproporção (mais de 400 mortos do lado palestiniano, contra 4 mortos do lado Israelita), como pelo facto de se mostrarem ineficazes.

O objectivo dos sionistas de Israel é claro: pretendem, nesta «janela de oportunidade», entre a passagem de poderes de presidente dos EUA, resolver o «problema do Hamas», com a conivência da chamada Autoridade Palestiniana.
Sucede que o "problema Hamas" nasceu do repúdio dos palestinianos pela corrupção da Autoridade a qual, para subsistir, necessita do apoio político e material de Israel. E os massacres levados a cabo por Israel, não só acentuam a resistência do povo ao inimigo sionista, como isolam a Autoridade, obrigada a brandos protestos contra as acções de Israel.

Israel é uma entidade totalmente ilegítima, uma vez que se constituiu sobre territórios conquistados pela guerra ou usurpados por leis racistas, de acordo com as quais, os palestinianos em particular e os árabes em geral são uma "raça" inferior, sem direito à legitimidade emanada dos seus textos "sagrados".

O seu objectivo, desde o início da ocupação é expulsar a população palestiniana de Gaza e da Cisjordânia, com políticas que tornam a vida normal impossível para as populações. Agora, como nos massacres de 1948 pretendem gerar uma situação de força para aceitarem, e devido tempo, uma trégua onde os palestinianos terão a oportunidade «generosa» de fugir desse inferno, do maior campo de concentração que jamais existiu!

Estamos perante um genocídio encapotado, iniciado antes da fundação do próprio estado sionista, assumindo, em certos momentos, características de «limpeza étnica». Não esqueçamos que o slogan do movimento sionista (já no século XIX) era: «para um povo sem terra (o povo judeu) uma terra sem povo (a Palestina)», pretendendo fazer passar a ideia de que a Palestina seria um quase deserto e negando, portanto, a existência do povo palestiniano constituído por gente de confissões religiosas distintas (muçulmanos, judeus e cristãos) vivendo sem conflitos confessionais.

O que permite isto tudo é a atitude de falsa neutralidade dos poderes ocidentais, incluindo a posição hipócrita de europeus, que se pretendem numa posição de equidistância quando, na verdade, é um povo inteiro que está a ser martirizado por um poder colonial. Quando considerarem a limpeza étnica suficiente, os europeus, com capacetes azuis ou de outra cor, legalizarão tudo como fizeram em relação à ex-Jugoslávia, pretendendo estabilizar uma partição étnica que Israel nunca considerará acabada enquanto não constituir o seu Eretz Israel, estado "etnicamente puro" mas, com bantustões árabes fornecedores de mão de obra precária e barata nas imediações.

Uma parte importante da opinião pública é iludida com a ideia racista de que os israelitas «são como nós» europeus, sendo os palestinianos «árabes». Isso é falso, primeiro, porque não existe um fosso político e cultural tão grande entre a população palestiniana, em que uma fracção importante adopta uma atitude laica em religião e tem um posicionamento semelhante às várias correntes políticas e ideológicas do ocidente. Depois, porque etnias ou diferenças civilizacionais não constituem fontes de legitimidade para uma classificação de um povo como superior ou inferior em relação a outros.

Trata-se, neste momento, de denunciar uma imagem falsa, difundida pelos órgãos responsáveis da UE de equidistância neutral, como se tudo se tratasse de um desaguisado entre detentores de direitos legítimos. Não há equivalência, mas, um lado agressor, opressor, colonial, culpado de genocídio e criminoso de guerra (o lado israelita) e um lado agredido, oprimido nos seus anseios legítimos, no seu direito à própria vida, vítima num genocídio que se estende por gerações (o lado palestiniano). Mesmo quando este último recorre a uma legítima e justa luta armada, a tratar-se de um combate entre «David e Golias», David, não é o futuro rei dos Judeus, mas um pastor palestiniano, lutando pelo direito à existência.

O Colectivo Luta Social (Portugal)

sexta-feira, janeiro 02, 2009

*Carta aberta de Uri Avnery a Barack Obama*



O ex-deputado do Parlamento israelense e um dos fundadores do movimento pela
paz, Uri Avnery, redigiu uma carta aberta ao presidente eleito dos EUA,
Barack Obama, sugerindo que o novo governo comece a agir pela paz
israelense-árabe a partir do primeiro dia. "Infelizmente, todos os seus
predecessores desde 1967 jogaram duplamente. Apesar de falarem sobre paz da
boca para fora, e às vezes realizarem gestos de algum esforço pela paz, na
prática eles apoiavam nosso governo em seu movimento contrário a esse
esforço", diz Avnery.

Redação - Carta Maior
Esta é uma carta aberta escrita por Uri Avnery, 85 anos, ex-deputado do
Knesset (Parlamento de Israel), soldado que ajudou a fundar Israel em 1948 e
que há décadas milita pela paz:

"As humildes sugestões que se seguem são baseadas nos meus 70 anos de
experiência como combatente de trincheiras, soldado das forças especiais na
guerra de 1948, editor-em-chefe de uma revista de notícias, membro do
parlamento israelense e um dos fundadores do movimento pela paz:

1) No que se refere à paz israelense-árabe, o Sr. deve agir a partir do
primeiro dia.

2) As eleições em Israel acontecerão em fevereiro de 2009. O Sr. pode ter um
impacto indireto, mas importante e construtivo já no começo, anunciando sua
determinação inequívoca de conseguir paz israelo-palestina, israelo-síria e
israelo-pan-árabe em 2009.

3) Infelizmente, todos os seus predecessores desde 1967 jogaram duplamente.
Apesar de que falaram sobre paz da boca para fora, e às vezes realizaram
gestos de algum esforço pela paz, na prática eles apoiavam nosso governo em
seu movimento contrário a esse esforço.

Particularmente, deram aprovação tácita à construção e ao crescimento dos
assentamentos colonizadores de Israel nos territórios ocupados da Palestina
e da Síria, cada um dos quais é uma mina subterrânea na estrada da paz.

4) Todos os assentamentos colonizadores são ilegais segundo a lei
internacional. A distinção, às vezes feita, entre postos "ilegais" e os
outros assentamentos colonizadores é pura propaganda feita para mascarar
essa simples verdade.

5) Todos os assentamentos colonizadores desde 1967 foram construídos com o
objetivo expresso de tornar um estado palestino – e portanto a paz –
impossível, ao picotar em faixas o possível projetado Estado Palestino.
Praticamente todos os departamentos de governo e o exército têm ajudado,
aberta ou secretamente, a construir, consolidar e aumentar os assentamentos,
como confirma o relatório preparado para o governo pela advogada Talia
Sasson.

6) A estas alturas, o número de colonos na Cisjordânia já chegou a uns
250.000 (além dos 200.000 colonos da Grande Jerusalém, cujo estatuto é um
pouco diferente). Eles estão politicamente isolados e são às vezes
detestados pela maioria do público israelense, mas desfrutam de apoio
significativo nos ministérios de governo e no exército.

7) Nenhum governo israelense ousaria confrontar a força material e política
concentrada dos colonos. Esse confronto exigiria uma liderança muito forte e
o apoio generoso do Presidente dos Estados Unidos para que tivesse qualquer
chance de sucesso.

Na ausência de tudo isso, todas as "negociações de paz" são uma farsa. O
governo israelense e seus apoiadores nos Estados Unidos já fizeram tudo o
que é possível para impedir que as negociações com os palestinos ou com os
sírios cheguem a qualquer conclusão, por causa do medo de enfrentar os
colonos e seus apoiadores. As atuais negociações de "Annapolis" são tão
vazias como as precedentes, com cada lado mantendo o fingimento por
interesses politicos próprios.

9) A administração Clinton, e ainda mais a administração Bush, permitiram
que o governo israelense mantivesse o fingimento. É, portanto, imperativo
que se impeça que os membros dessas administrações desviem a política que
terá o Sr. para o Oriente Médio na direção dos velhos canais.

10) É importante que o Sr. comece de novo e diga-o publicamente. Idéias
desacreditadas e iniciativas falidas – como a "visão" de Bush, o "mapa do
caminho", Anápolis e coisas do tipo – devem ser lançadas à lata de lixo da
história.

11) Para começar de novo, o alvo da política americana deve ser dito clara e
sucintamente: atingir uma paz baseada numa solução biestatal dentro de um
prazo de tempo (digamos, o fim de 2009).

12) Deve-se assinalar que este objetivo se baseia numa reavaliação do
interesse nacional americano, de remover o veneno das relações
muçulmano-americanas e árabe-americanas, fortalecer os regimes dedicados à
paz, derrotar o terrorismo da Al-Qaeda, terminar as guerras do Iraque e do
Afeganistão e atingir uma acomodação viável com o Irã.

13) Os termos da paz israelo-palestina são claros. Já foram cristalizados em
milhares de horas de negociações, colóquios, encontros e conversas. São
eles:

a) estabelecer-se-á um Estado da Palestina soberano e viável lado a lado com
o Estado de Israel.

b) A fronteira entre os dois estados se baseará na linha de armistício de
1967 (a "Linha verde"). Alterações não substanciais poderão ser feitas por
concordância mútua numa troca de territórios em base 1: 1.

c) Jerusalém Oriental, incluindo-se o Haram-al-Sharif (o "Monte do Templo")
e todos os bairros árabes servirão como Capital da Palestina. Jerusalém
Ocidental, incluindo-se o Muro Ocidental e todos os bairros judeus, servirão
como Capital de Israel. Uma autoridade municipal conjunta, baseada na
igualdade, poderia se estabelecer por aceitação mútua, para administrar a
cidade como uma unidade territorial.

d) Todos os assentamentos colonizadores de Israel – exceto aqueles que
possam ser anexados no marco de uma troca consensual – serão esvaziados
(veja-se o 15 abaixo)

e) Israel reconhecerá o princípio do direito de retorno dos refugiados. Uma
Comissão Conjunta de Verdade e Reconciliação, composta por palestinos,
israelesnses e historiadores internacionais estudará os fatos de 1948 e 1967
e determinará quem foi responsável por cada coisa. O refugiado,
individualmente, terá a escolha de 1) repatriação para o Estado da
Palestina; 2) permanência onde estiver agora, com compensação generosa; 3)
retorno e reassentamento em Israel; 4) migração a outro país, com
compensação generosa. O número de refugiados que retornarão ao território de
Israel será fixado por acordo mútuo, entendendo-se que não se fará nada para
materialmente alterar a composição demográfica da população de Israel. As
polpuldas verbas necessárias para a implementação desta solução devem ser
fornecidas pela comunidade internacional, no interesse da paz planetária.
Isto economizaria muito do dinheiro gasto hoje militarmente e a partir de
presentes dos EUA.

f) A Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza constituirão uma
unidade nacional. Um vínculo extra-territorial (estrada, trilho, túnel ou
ponte) ligará a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.

g) Israel e Síria assinarão um acordo de paz. Israel recuará até a linha de
1967 e todos os assentamentos colonizadores das Colinas de Golã serão
desmantelados. A Síria interromperá todas as atividades anti-Israel,
conduzidas direta ou vicariamente. Os dois lados estabelecerão relações
normais.

h) De acordo com a Iniciativa Saudita de Paz, todos os membros da Liga Árabe
reconhecerão Israel, e terão com Israel relações normais. Poder-se-á
considerar conversações sobre uma futura União do Oriente Médio, no modelo
da União Européia, possivelmente incluindo a Turquia e o Irã.

14)A unidade palestina é essencial. A paz feita só com um naco da população
de nada vale. Os Estados Unidos facilitarão a reconciliação palestina e a
unificação das estruturas palestinas. Para isso, os EUA terminarão com o seu
boicote ao Hamas (que ganhou as últimas eleições), começarão um diálogo
político com o movimento e sugerirão que Israel faça o mesmo. Os EUA
respeitarão quaisquer resultados de eleições palestinas.

15) O governo dos EUA ajudará o governo de Israel a enfrentar-se com o
problema dos assentamentos colonizadores. A partir de agora, os colonos
terão um ano para deixar os territórios ocupados e voluntariamente voltar em
troca de compensação que lhes permitirá construir seus lares dentro de
Israel. Depois disso, todos os assentamentos serão esvaziados, exceto
aqueles em quaisquer áreas anexadas a Israel sob o acordo de paz.

16) Eu sugiro ao Sr., como Presidente dos Estados Unidos, que venha a Israel
e se dirija ao povo israelense pessoalmente, não só no pódio do parlamento,
mas também num comício de massas na Praça Rabin em Tel-Aviv. O Presidente
Anwar Sadat, do Egito, veio a Israel em 1977 e, ao se dirigir ao povo de
Israel diretamente, mudou em tudo a atitude deles em relação à paz com o
Egito. No momento, a maioria dos israelenses se sente insegura, incerta e
temerosa de qualquer iniciativa ousada de paz, em parte graças a uma
desconfiança de qualquer coisa que venha do lado árabe. A intervenção do
Sr., neste momento crítico, poderia, literalmente, fazer milagres, ao criar
a base psicológica para a paz.

*Tradução: Idelber Avelar*
*30/12/08*