domingo, agosto 28, 2011



Políticos, ex-governantes socialistas, docentes e investigadores universitários, ecologistas, ambientalistas e cidadãos contra a Incineração de resíduos nos Açores
Ex-membro do governo de César contra queima de lixo em São Miguel


O ex-secretário regional do Ambiente de um dos governos socialistas de Carlos César, o ainda deputado socialista Hélder Marques da Silva, voltou ontem a manifestar-se contra a solução de queima de lixos em São Miguel. “Fui e sou contra”, acentuou ao jornalista. “Apesar destes novos sistemas de incineração terem fi ltros que garantem uma contaminação mínima do ambiente envolvente, a verdade é que há sempre riscos, até uma avaria…”, afi rma o deputado socialista.

Além do mais, prossegue, “há que evitar as dúvidas das populações que vão persistir apesar de todas as explicações”, sublinhou.

Estas declarações de Hélder Marques da Silva, a pedido do jornalista do ‘Correio dos Açores’, surgem numa altura em que se encontra em consulta pública o estudo de impacto ambiental “Ecoparque da Ilha de S. Miguel” que integra a construção de um equipamento de queima de resíduos, vulgo incineradora, e que a associação ecológico ‘Amigos dos Açores’ torna público um manifesto em abaixo-assinado contra a incineração de resíduos em São Miguel.

Esta petição é assinada por Catarina Furtado, actual directora regional da Energia; por Roberto Terra, administrador da empresa pública ‘Azorina’; pelo ex-director regional da Energia, Rui Coutinho, que é, actualmente, dirigente da Quercus de São Miguel. Eduardo Carqueijeiro, que foi director do Ambiente, pertence à página do ‘Facebook’ contra a incineração; e, entre outros – alguns engenheiros do ambiente e o ecologista Teófilo Braga.

Assinada ainda a petição da associação ‘Amigos dos Açores’, Hélder Góis, assessor da secretária regional da Educação; pelo investigador do DOP, Filipe Mora Porteiro; pelo ex-director da ARENA – Agência Regional da Energia, Pedro Perpétua; e a Regina Cunha, membro da equipa do estudo de impacte ambiental da instalação da incineradora em São Miguel.

Proibir instalação de incineradoras

No manifesto, a associação ecológica ‘Amigos dos Açores’ quer que o Parlamento dos Açores adopte “os princípios da precaução e da incerteza no que respeita à introdução da incineração nos Açores”.

Pede a “proibição da instalação de incineradoras nos Açores, bem como da queima de resíduos sólidos urbanos para produção de energia”.

É apologista da “eliminação da incineração por constituir prática altamente comprometedora e incerta quanto aos riscos ambientais para as gerações presentes e futuras”.

Defende “o desenvolvimento de políticas governamentais que tenham por objectivo a prevenção e a redução de resíduos”.

No entender da associação ecológica, “a adopção da queima de matérias após o seu consumo não constitui solução para a resolução da problemática social que é a gestão de resíduos”.

Releva que a incineração é, a nível mundial, uma das principais fontes de poluentes - como dioxinas, furanos, metais pesados como o mercúrio, poluentes orgânicos persistentes - responsáveis por danos
ambientais irreversíveis e doenças mortais, e que existem convenções internacionais (como a Convenção de Estocolmo) que recomendam que o uso da incineração seja eliminado progressivamente.

“Enquanto região altamente comprometida com a qualidade e responsabilidade ambiental”, diz a associação ecológica, os Açores “devem adoptar medidas sustentáveis que não são compatíveis com a queima de resíduos sólidos urbanos que produzem emissão de gases que contribuem para o aquecimento global, que implicarão a compra de quotas de emissão de CO2 com o dinheiro dos contribuintes”.

“Não à combustão de resíduos”

Os ‘Amigos dos Açores’ consideram que emissões aéreas resultantes da incineração, compostas por cerca de duas centenas de compostos químicos diferentes, “são incontroláveis e que as cinzas resultantes do processo de queima são classificadas como resíduos perigosos, necessitam de tratamento, em função da sua toxicidade, para deposição posterior em aterro”.

Consideram que o investimento “crescente da Região num sistema integrado de recolha, triagem, reutilização e reciclagem de resíduos tem resultado numa consciência e educação ambiental progressiva dos cidadãos, que urge evoluir para a prevenção da produção de lixo e não para a remediação que é a combustão de resíduos”.

Dizem que, noutros locais do mundo, que efectuam reciclagem conjuntamente com incineração, a taxa de recolha de materiais recicláveis é, geralmente, muito baixa e que é necessária a compra a territórios vizinhos de resíduos para queima, “o que no caso dos Açores, dada a pequena escala e a descontinuidade territorial, assumiria uma problemática ainda mais complexa”.

Sublinham que a queima de resíduos “destrói materiais com potencial de reutilização e reciclagem, que implica o consumo de novas matérias-primas e consumo de energia para a sua transformação e que a energia eléctrica produzida pelas incineradoras pode ser proveniente de fontes renováveis (como da geotermia nas ilhas de São Miguel e Terceira), a opção pela incineração de resíduos sólidos urbanos constitui um processo de desvalorização energética e de aumento do consumo de recursos naturais”.

João Paz

Correio dos Açores, 27 de Agosto de 2011

sexta-feira, agosto 26, 2011

O Padre Himalaya



Foto: http://ruasdoporto.blogspot.com/2007/09/rua-padre-himalaya.html


1- O sábio

O padre Manuel António Gomes (1868-1933), mais conhecido por padre Himalaya, devido à sua estatura, foi o cientista português que construiu um aparelho chamado pirelióforo que recebeu o grande prémio da Feira Internacional de Saint. Louis, nos Estados Unidos da América, em 1904.

O pirelióforo, um forno solar com 13 m de altura, com uma superfície reflectora de 80 m2, possuía 6117 espelhos de 12x10 cm cada um, atingia temperaturas na ordem dos 3800 º C e foi criado com o objectivo de ser usado para a produção de água potável em regiões desérticas, para a produção de vapor para a indústria, para a fusão de alguns materiais e para a produção de fertilizantes.

Outra das invenções do padre Himalaya foi um explosivo, chamado “himalaite”, três vezes mais potente que a dinamite, que o sábio português fez questão de ser usado apenas para fins pacíficos.

Mas a vida multifacetada e misteriosa do padre Himalaya, que para além da energia solar interessou-se por outras formas de energia, como a das marés, para a produção de electricidade, foi naturalista, tendo criado medicamentos à base de plantas, foi iridologista, etc., ainda hoje é pouco conhecida.

Sobre a sua vida e obra, conhecemos o livro “A Conspiração Solar do Padre Himalaya”, do professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Jacinto Rodrigues, e um filme também da responsabilidade do mesmo professor que considera o Padre Himalaya um pioneiro da Ecologia.

Pena é que tanto o livro como o filme não tenham grande divulgação nas escolas dos Açores, mas os ensinamentos que da sua leitura ou visionação se poderiam tirar parecem não ser prioridade para quem comanda os destinos da Região.

Depois da educação ambiental ter entrado em desuso, da educação para a energia nunca ter sido levada a sério, a nova aposta é no “empreendorismo”, que ainda não percebi bem o que é, nem para que serve, e não me vou dar ao trabalho de me informar, pois tenho receio de que, quando já estiver por dentro do assunto, a moda já tenha passado.

2- O padre Himalaya e os Açores

Não temos a pretensão de referir neste espaço tudo o que foi feito, nos Açores, para divulgar a vida e a obra do Padre Himalaya. Assim, mencionaremos iniciativas em que de um modo ou de outro estive envolvido, bem como um texto de Alice Moderno publicado no princípio do século passado.

Em 1987, Ano Europeu do Ambiente, os Amigos da Terra/Açores e a Escola Secundária Antero de Quental, promoveram uma “Semana das Energias Renováveis” que teve como objectivos, entre outros, sensibilizar a população estudantil para o problema energético mundial e discutir vantagens e desvantagens das diferentes alternativas energéticas. Nesta semana foi editada e divulgada a brochura “Um estranho sábio português”, com um texto sobre o Padre Himalaya, da autoria do professor Jacinto Rodrigues.

No ao lectivo 2003-204, por iniciativa da Sociedade Portuguesa de Energia solar, surge, a nível nacional, o Concurso Solar Padre Himalaya, dirigido aos alunos ds escolas, públicas ou privadas, dos ensinos básico e secundário que pretendia “estimular a construção de protótipos didácticos que utilizem tecnologia de conversão de energia solar”.

Nos Açores, em 2005 e 2006, o concurso foi apoiado e divulgado pela ARENA que organizou, em cada um dos anos referidos, na Ilha de São Miguel, sessões de informação/formação para professores e alunos. Em ambos os anos, estiveram presentes na final realizada, em Lisboa, alunos de escolas de várias ilhas dos Açores que tiveram a oportunidade apresentar carrinhos e fornos solares por eles construídos.
No início do século passado, Alice Moderno citou um texto onde o autor, a propósito do modo como o país tratava a ciência, escreveu o seguinte: “Fuja, padre Himalaya, fuja, que isto apesar de fingir civilizado ainda, está no íntimo, no mesmo estado em que se encontrava no tempo em que foi perseguido o Padre Bartolomeu de Gusmão por ter inventado a passarola”… “Isto aqui não é terra para sábios nem para inventores, nem para estudiosos”…”Aqui a sabedoria só faz carreira na política. Aí sim, aí, quem tiver invenções mesmo que não possua ideias, é gente”.

Teófilo Braga

quinta-feira, agosto 25, 2011




Esquerdalhos, Renegados e outros Bandalhos

Conheça os figurões que, depois de se "reciclarem", nos governam a vida através da leiturea deste pequeno livro do Coronel Varela Gomes que a propósito escreveu:

"O sistema burguês/capitalista que hoje em dia domina o mundo, é: Um sistema canalha. Quem o apoia em canalha se converte."