sexta-feira, fevereiro 22, 2008

DALBERTO POMBO E O CENTRO DE JOVENS NATURALISTAS DE SANTA MARIA


Dalberto Teixeira Pombo, escriturário de profissão e naturalista por vocação, criou na ilha de Santa Maria o Centro de Jovens Naturalistas que teve uma actividade mais intensa nas décadas de 70 e 80 do século passado, altura em que editou o interessante “Boletim dos Jovens Naturalistas”.

O Centro de Jovens Naturalistas, organização que nunca se chegou a transformar numa associação formal, por falta de adultos interessados, teve como objectivo principal “iniciar os jovens nas colecções ou preparações com elementos diversos da História Natural, para melhor poderem apreciar, entender e resolver os problemas que se lhes apresentam hoje, como a poluição, defesa do património natural, ecologia, todos interdependentes afinal”.

De acordo com o prof. Paulo Borges, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, um dos jovens que com ele trabalhou à cerca de trinta anos, o maior contributo para a ciência do Sr. Pombo foi “a exploração da fauna do Pico Alto de Santa Maria, um fragmento de vegetação natural pequeno mas de elevado valor em termos de riqueza de artrópodes e moluscos endémicos desta ilha e dos Açores”

Quanto a nós, que tivemos a oportunidade de o conhecer, destacamos o seu pioneirismo e exemplo em termos de contributos para a sensibilização para a conservação da natureza. Mas mais importante do que tudo, destacaria o seu trabalho voluntário e desinteressado em prol da formação dos mais jovens.

O sr. Pombo, embora indirectamente, foi também responsável pelo que é hoje a maior associação de defesa do ambiente do arquipélago, “Os Amigos dos Açores - Associação Ecológica” e por parte da minha formação como activista da causa ambiental e social.

Com o seu falecimento, em 11 de Dezembro de 2007, o Centro de Jovens Naturalistas terá terminado a sua nobre missão. Como melhor forma de o homenagear, todos os que o conheceram deverão empenhar-se cada vez mais, quer individualmente quer nas associações existentes ou noutras que venham a surgir, em actividades que conduzam à construção de uns Açores mais justos, limpos e pacíficos.
Por último deixava um alerta, não se deixem ludibriar por quem acha que as associações devem ser empurradas para “dentro do sistema” quando o que pretendem é que as mesmas sejam dóceis, colocadas ao serviço de interesses conjunturais de alguns governantes e percam a sua independência.

(Publicado no Jornal Terra Nostra, nº 341, 22 de Fevereiro de 2008, p. 30)

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

ECOTECA DE SANTA MARIA INCENTIVA O USO DO TABACO

Em Santa Maria: Ecoteca põe cinzeiros à porta dos restaurantes 20 Fevereiro 2008 [Regional]

A Ecoteca de Santa Maria e a Valência do Recolhimento de Santa Maria promoveram, domingo, uma operação de colocação de cinzeiros à entrada de estabelecimentos de restauração em Vila do Porto, para garantir a limpeza da via pública no principal centro urbano da ilha.
A iniciativa, que contou com o apoio da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar e da Câmara Municipal de Vila do Porto, decorre do aumento do número de beatas de cigarros abandonadas no chão à porta de cafés e restaurantes, devido à recente entrada em vigor da nova legislação sobre o consumo de tabaco.

(in Correio dos Açores)

Esta iniciativa é, do meu ponto de vista, apenas aparentemente aceitável. Porquê:

1- Porque, trata-se de uma desistência em continuar uma campanha para que as pessoas deixem de fumar;

2- Porque se está a premiar os prevaricadores. É uma atitude de pouco civismo atirar lixo para o chão, qualquer que ele seja. As pessoas em questão, pelo contrário, deveriam ser punidas;

3- Trata-se de um mau uso dos dinheiros públicos já que se são os donos dos cafés e restaurantes a terem lucros com a sua actividade a limpeza, no limite, deveria estar a seu cargo.

4- Noto aqui uma alteração na "política de ambiente". O ex-director regional do ambiente, Arq. Eduardo Carqueijeiro, não aceitou que uma ecoteca disponibilizasse cinzeiros para uma praia com o argumento que o que se devia fazer era educar as pessoas para não fumarem e para se responsabilizarem pelos lixos que produzem.

5- O que a ecoteca fez, não passa do que se chama "negóceos como os do costume". Isto é não actuar nas causas, apenas se preocupar com as consequências. Ou mudar um pouco para que tudo fique na mesma.

6- Com o simples colocar de cinzeiros está-se a incentivar o uso do tabaco.

7-Pessoalmente acho a atitude condenável já que se está a usar dinnheiro de todos nós em benefício de uns poucos. É caso para dizer "o crime compensa".

sexta-feira, fevereiro 15, 2008


QUEM GANHA COM AS CULTURAS TRANSGÉNICAS?

Comunicado da Plataforma Transgénicos Fora
2008/02/13

No dia em que a indústria divulga o relatório anual mundial


O cultivo de transgénicos a nível mundial está a conduzir a um aumento massivo do consumo de pesticidas e só as empresas que os vendem podem lucrar com tal situação. Isto mesmo foi
verificado num estudo agora disponível (1) que desmonta a realidade cor de rosa apresentada hoje em Bruxelas pelo ISAAA, uma organização que representa os interesses globais da indústria da engenharia genética.

De facto, até a indústria começa a reconhecer que o consumo de pesticidas está a aumentar. Em entrevista (2), uma representante da EuropaBio (associação europeia de bioindústrias) afirmou que se têm vindo a verificar "aplicações muito maiores de Roundup [herbicida], junto com uma série de outros químicos."

Os números do próprio governo americano mostram que, entre 1994 e 2005, o consumo de glifosato (o princípio activo do Roundup, o pesticida mais usado em transgénicos) aumentou 15 vezes. Só entre 2005 e 2006 a aplicação de glifosato em soja transgénica subiu 28%, tendo atingido o total de 44 mil toneladas em solo americano.

Apesar destas subidas o uso de outros pesticidas, ainda mais tóxicos e que as culturas transgénicas prometiam evitar, não está a declinar. Nos Estados Unidos, o país que mais cultiva transgénicos em todo o mundo, a aplicação de 2,4 D (um herbicida altamente tóxico e um dos componentes do Agente Laranja, de má memória) em soja mais do que duplicou entre 2002 e 2006. A atrazina, proibida na União Europeia devido à sua toxicidade, aumentou 12% na culturas americanas de milho transgénico entre 2002 e 2005.

As perspectivas futuras apontam para uma situação cada vez mais grave: à medida que cada vez mais ervas daninhas se tornam resistentes aos mesmos herbicidas que as plantas transgénicas toleram, o cocktail químico necessário para as controlar vaiaumentando sempre mais em volume, toxicidade e número de ingredientes. (3)

Esta situação penaliza agricultores, o ambiente e toda a sociedade. Quem ganha? Porque os contratos de vendas de sementes transgénicas vinculam o agricultor a comprar os pesticidas à mesma empresa que produziu as sementes, quanto mais pesticidas as culturas transgénicas precisarem, mais as empresas beneficiam.

Notas:

1 - O relatório completo, realizado pela associação Amigos da Terra Internacional, está
disponível para descarregar em: aqui

2 - A entrevista integral está disponível em:
www.ethicalcorp.com/content.asp?ContentID=5684


3 - Para mais informação consultar por exemplo
southeastfarmpress.com/soybeans/122707-resistant-weeds/index.html


Para mais informações:
Dra. Margarida Silva, 91 730 1025

A Plataforma Transgénicos Fora é uma estrutura integrada por onze entidades não-governamentais da área do ambiente e agricultura (ARP, Aliançapara a Defesa do Mundo Rural Português; ATTAC, Associação para a Taxação das Transacções Financeiras para a Ajuda ao Cidadão; CNA, Confederação Nacional da Agricultura; Colher para Semear, Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais; FAPAS, Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens; GAIA, Grupo de Acção e Intervenção Ambiental; GEOTA, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente; LPN, Liga para a Protecção da Natureza; MPI, Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente, QUERCUS, Associação Nacional de Conservação da Natureza; e SALVA, Associação de Produtores em Agricultura Biológica do Sul) e apoiada por dezenas de outras.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Países ganham 500 vezes mais do que gastam no combate ao tabagismo

Organização Mundial de Saúde divulga novo relatório sobre tabaco no mundo


Os governos dos países de todo o mundo arrecadam 500 vezes mais o valor que gastam em acções de combate ao tabagismo. Além disso, apenas cinco por cento da população mundial vive em países onde existem medidas para reduzir as taxas de consumo de tabaco. Estes são alguns dos dados do novo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o consumo de tabaco no mundo, ontem divulgado.

Esta é a primeira análise global sobre o consumo e mecanismos de controlo do tabaco. Conclui a OMS que não existe um único país que tenha implementado todas as medidas de controlo do tabaco, apesar de se terem registado progressos. Estas medidas são: políticas de prevenção e monitorização do tabaco; protecção dos cidadãos do fumo do tabaco; disponibilizar ajuda para deixar o tabaco; informar sobre os malefícios do tabaco; reforçar a proibição à promoção e publicidade ao tabaco; e aumentar os impostos sobre o mesmo.

«Apesar de estarem a aumentar os esforços de combate ao tabaco, virtualmente todos os países têm de fazer mais. Estas seis estratégias estão ao alcance de todos os países, ricos e pobres, e quando combinadas em pacote dão mais hipóteses de reverter esta epidemia em crescimento», refere Margaret Chan, directora-geral da OMS.

O relatório inclui informação de 179 países. O relatório dá conta ainda de que 40 por cento dos países ainda permitem que se fume nos hospitais e escolas. Segundo a OMS, o tabaco é a causa de morte de 5.4 milhões de pessoas por ano, que morrem de cancro dos pulmões, problemas cardíacos ou outros efeitos secundários. As projecções apontam para que, em 2030, esse número atinja os oito milhões de mortes anuais. O tabaco é também um factor de risco para seis das oito principais causas de morte. Para saber mais, consulte o site da OMS.

Sónia Santos Dias

08 de Fevereiro de 2008

Extraído de: http://saude.sapo.pt/artigos/noticias_actualidade/ver.html?id=806786

sábado, fevereiro 02, 2008

Muere Humberto da Cruz



Acabo de enterarme del fallecimiento de Humberto da Cruz, un referente en la historia del ecologismo español. Fundador de Amigos de la Tierra (quienes desgraciadamente no le han dedicado ni una sola línea en su página), llegó a ser director general del ICONA poco antes de la disolución de este polémico organismo, aunque tuvo tiempo para lograr la necesaria ampliación del Parque Nacional de Picos de Europa. Con aciertos y errores, como todos, nadie pudo negarle nunca el entusiasmo por lograr un mundo mejor.

Personalmente le debo su visión moderna de la protección de la Naturaleza, cuando durante largas veladas en su casa nos hablaba, ilusos jovenzuelos, de cómo avanzaban en este campo en Alemania, Suecia, Francia o el Reino Unido, seguro de que algún día también nosotros lo lograríamos aquí. Nos parecía un sueño maravilloso por el que valía la pena luchar. Él lo hizo toda su vida. Muchas gracias Humberto.

PS- Não o conheci pessoalmente, mas ainda recentemente estive a consultar um livrinho da sua autoria intitulado. Ecologia e Sociedade Alternativa, editado em 1985,pela "A Regra do Jogo, Edições Ldª". A ele também devo um pouco da minha formação como activista do movimento ambiental.

Extraído de: http://blogs.20minutos.es/cronicaverde/post/2008/01/21/muere-humberto-da-cruz

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Nada está a ser feito para monitorizar a praga de térmitas, diz Paulo Borges--------------------------------------------------------------------------------
Regional
Vera Borges
31/01/2008 08:01:8

A situação das térmitas, uma praga que ataca as estruturas de madeira das habitações, continua a não ter uma monitorização adequada. Quem reafirma é Paulo Borges, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, que vai finalmente ser recebido, no dia 22 de Fevereiro, por técnicos da Secretaria Regional do Ambiente, para discutir a gestão da madeira infestada por estes germes, de modo a que seja produzida legislação para intervir adequadamente no tratamento destas madeiras.
Paulo Borges confessa ao Diário dos Açores que acredita que esta situação vai ser resolvida a médio-prazo, sublinhando que "nós vamos explicar os métodos para tratar das madeiras contaminadas, de acordo com cada espécie". O investigador explica que para madeira infestada com a térmita subterrânea, que é o maior problema, o método será queimar a madeira. Para a madeira com a térmita seca, o método consistirá em alagar a madeira.
"Em termos legislativos, cabe à Secretaria Regional do Ambiente decidir o que fazer, por exemplo, se caberá às câmaras tratar desta situação", salienta Paulo Borges.
Recorde-se que existem três espécies de térmitas nos Açores, designadamente: a térmita de madeira húmida europeia, térmita de madeira seca das Índias Ocidentais e a térmita subterrânea europeia. Estas duas últimas são as que têm provocado maiores estragos nas cidades de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta. De acordo com o investigador, prevê-se que nas próximas décadas possam igualmente ocorrer noutras partes do arquipélago, se persistir na Região, uma lacuna em termos de acções agressivas no combate à praga.
Paulo Borges lembra, por exemplo, que o avanço da técnica de Fumigação "está em impasse nos Açores". Considerada como sendo uma técnica de combate eficaz internacionalmente, Paulo Borges ressalva, todavia, que "as regras actualmente em vigor na União Europeia tornam praticamente inviável a sua aplicação nos Açores, dado que o intervalo de segurança estabelecido entre habitações é de 10 m". De acordo com o investigador, a "grande proximidade entre edifícios nos centros das cidades açorianas inviabiliza a sua aplicação por agora". Por outro lado, a "Universidade dos Açores encontra-se a testar a viabilidade da alteração do perímetro de segurança de 10 m ou a eventual utilização de uma outra técnica de extermínio por Temperatura". Segundo o investigador, em relação à térmita subterrânea na Horta, "nós apresentamos uma proposta para erradicar, mas não obtivemos resposta do Governo Regional". Paulo Borges sustenta que, em colaboração com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, a Universidade dos Açores pretende controlar e tentar erradicar esta praga na cidade da Horta, através da injecção de um insecticida (Termidor), no solo.




Desde 2006 que não existem dados


Os últimos dados referentes às térmitas datam de 2006, quando o Governo Regional encomendou um estudo à Universidade dos Açores para analisar a situação, um investimento que custou, na altura, 90 mil euros. Resultou deste estudo um relatório detalhado e um livro que foi publicado em Outubro de 2007.
O certo é que desde 2006 ninguém sabe dizer como é que a praga está actualmente.
"Nada está a ser feito para acompanhar a evolução da praga nos Açores", denuncia, adiantando que "neste momento o que vemos apenas é um esforço político em apoiar as pessoas afectadas pela praga e na gestão dos resíduos afectados".
Paulo Borges concorda com o avanço de medidas que protegem as pessoas, mas opina que "deve haver um combate eficaz passando também por uma sensibilização educacional".
Neste campo, o investigador aponta algumas soluções. "Deve haver parcerias e aprofundar a cooperação entre investigadores, instâncias políticas de tomada de decisão, tecido empresarial e proprietários das habitações afectadas", ressalvou.
Para os industriais, a solução passava por "intervir com uma acção junto das empresas de madeira para serem alertadas" e, "por último, fazer "uma acção junto dos agentes que controlam nas alfândegas o transporte deste tipo de mercadorias, no sentido de haver mais vistoria, mas para isso teria de haver pessoas formadas para detectarem os germes".
Paulo Borges entende que para estas acções passarem da teoria à prática, terá de haver um "impulso político". Por sua vez, a monitorização, de acordo com Paulo Borges, terá de ser feita pelo CITA, pelo Laboratório Regional de Engenharia Civil ou pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Paulo Borges apela à sociedade para mostrar mais interesse em ver esta situação controlada. "Se as pessoas não reivindicam os seus direitos, os políticos farão sempre pelo mínimo", disse. Recorde-se que recentemente foi aprovada por unanimidade, no Parlamento Regional, a proposta do CDS-PP Açores que altera a legislação em vigor de apoios a conceder a sinistrados pela infestação das térmitas.

Extraído de http://www.da.online.pt/news.php?id=134387

Comentário- espero que o prof. Paulo Borges não seja alvo de quqlquer "perseguição" ou de pressões para não dizer, publicamente, o que pensa.