terça-feira, fevereiro 27, 2007

ZECA AFONSO

Quando a corja topa da janela
O que faz falta
Quando o pão que comes sabe a merda
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
Quando nunca a noite foi dormida
O que faz falta
Quando a raiva nunca foi vencida
O que faz falta
O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é acordar a malta
O que faz falta
Quando nunca a infância teve infância
O que faz falta
Quando sabes que vai haver dança
O que faz falta
O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta
Quando um cão te morde a canela
O que faz falta
Quando a esquina há sempre uma cabeça
O que faz falta
O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta
Quando um homem dorme na valeta
O que faz falta
Quando dizem que isto é tudo treta
O que faz falta
O que faz falta é agitar a malta
O que faz falta
O que faz falta é libertar a malta
O que faz falta
Se o patrão não vai com duas loas
O que faz falta
Se o fascista conspira na sombra
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
O que faz falta é dar poder a malta
O que faz falta

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

A FOLHA DE COUVE DA CASA DO POVO DO PICO DA PEDRA

Manchando o nome de um boletim homónimo, entretanto desaparecido na freguesia, a actual direcção da Casa do Povo publica uma folha de couve que no seu número 122, do corrente mês de Fevereiro, apresenta uma preocupação com o que se passa na freguesia das Furnas e com o "risco de (se) perder toda a credibilidade" por parte dos Amigos dos Açores.
Por se tratar de uma questão de "lana caprina", tentarei responder à letra ao escriba da nota intitulada "Poda radical" ou ao presidente da referida instituição já que a mesma não vem assinada.
Deixando de parte a questão técnica das podas, vamos ao que interessa:
Em primeiro lugar é injusto afirmar que "é mais fácil "malhar" numa Junta de Freguesia do que numa Secretaria Regional" pois, segundo é do meu conhecimento o ofício dos Amigos dos Açores a criticar a pseudo poda realizada, na Avenida da Paz, foi dirigido ao Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, entidade que era suposto ser a responsável pelo atentado. Apenas foi dado conhecimento ao sr. Presidente da Junta de Freguesia do Pico da Pedra e só soubemos, posteriormente, através de notícia publicada no jornal Açoriano Oriental e através de gentil ofício do sr. Presidente da Junta que foram responsabilidade desta as podas já referidas.
Em segundo lugar não é o presidente da Casa do Povo a pessoa mais indicada (ou é?) em falar em perda de credibilidade. Não será por isso que a Casa do Povo tem o número reduzido de sócios que tem?
Termino, afrimando que o Presidente da Casa do Povo perdeu uma boa oportunidade para estar quieto e calado, já que a nota publicada na rúbrica "Radar", para além de infeliz não acertou no alvo.
Pico da Pedra, 15 de Fevereiro de 2007
Teófilo Braga

sábado, fevereiro 03, 2007

ECD - Não se pode dar «cheques em branco» !

Não se pode dar «cheques em branco». Se quisermos uma
verdadeira negociação com verdadeiros representantes
do grupo profissional, temos primeiro de assegurar que
temos um controlo total sobre as negociações. Os
negociadores devem ser eleitos em plenário, os
sindicalistas eleitos devem comprometer-se em relação
aos pontos que as assembleias que os elegeram
consideram de princípio, quais os pontos negociáveis e
como, em que sentido devem sê-lo. Caso contrário,
assistimos sempre à mesma tristeza. O epílogo é sempre
o mesmo. A «classe» é «incapaz» de fazer valer as suas
justíssimas razões por culpa de uns dirigentes que se
eternizam e que têm mais preocupação em dar a ilusão
de que são «úteis» aos profissionais que dizem
representar.

O Estatuto da Carreira Docente* (ECD) foi sujeito a um
processo de revisão, tendo o Ministério da Educação
apresentado uma proposta aos sindicatos do sector, em
Maio de 2006. O prazo extremamente curto de discussão,
com os exames e as férias a aproximarem-se, tornou
muito desfavorável uma resposta dos sindicatos. No
entanto, não houve sequer uma tentativa séria e
generalizada de discutir a fundo nas escolas o seu
conteúdo, coisa que só poderia ser feita por
iniciativa dos sindicatos existentes, pois são eles
que têm o direito de convocar tais reuniões, ao abrigo
da lei laboral. Em Setembro/Outubro sucederam-se
manifestações e uma greve, que não vieram colocar em
xeque a posição do Ministério, o qual estava
determinado a ir para a frente, com ou sem a
assinatura dos sindicatos. Sentaram-se estes à mesa
negocial, como bons alunos, embora o documento de
partida não fosse realmente uma base negocial
aceitável. Porém, dado o grande descontentamento dos
docentes, os sindicatos foram pressionados a assumir
posições de princípio comuns e a realizar algumas
manifestações (meramente simbólicas) unitárias.
Autoritariamente, em Dezembro de 2006, o governo
aprovou sozinho o novo ECD, sem que nenhum dos 14
sindicatos do sector aceitasse assiná-lo. Este foi
publicado em Janeiro de 2007.

Face à recusa da TOTALIDADE dos sindicatos em
subscrever o ECD, não havendo acordo negocial, a luta
deveria continuar e até aprofundar-se após a sua
promulgação. Negociar a sua regulamentação é DAR, DE
MÃO BEIJADA, «razão» aos senhores do governo...
Logicamente, eles dirão: "o ECD afinal, não era assim
tão mau, a prova é que os sindicatos estão sentados a
negociar a sua regulamentação"!

(*) Neste ECD, instaura-se a categoria de «professor
titular» contingentada, isto é, apenas 30% dos
docentes dum estabelecimento podem aceder a esta. A
avaliação do desempenho do docente vai incluir
parâmetros como as taxas de sucesso ou insucesso dos
alunos: ninguém quererá ensinar turmas com fracos
resultados, em geral, alunos carenciados. As piores
escolas serão desertadas pelos professores com maior
ambição: vai aumentar o fosso entre «boas» e «más»
escolas. Em termos gerais, este ECD, ao aumentar a
desigualdade, as injustiças e a frustração, não vai
contribuir em nada para o melhor desempenho dos
docentes.

Núcleo de Educação da ACInterpro